Para empresários da indústria automobilística, crise vai fortalecer o Brasil
Mercado interno manterá o País em posição favorável; investimentos do setor automotivo não serão alterados, dizem executivos
A crise financeira mundial é vista por executivos da indústria automobilística como uma oportunidade para o Brasil expandir a atuação no mercado global. De acordo com o presidente da Magneti Marelli do Brasil, Virgilio Cerutti, o País não será afetado fortemente pela crise porque tem no mercado interno a força para crescer em 2009. “O Brasil sairá fortalecido. O potencial dos consumidores ainda é muito grande. O país possui um carro para cada nove pessoas”, afirma o executivo italiano.
Diante da análise, a Magneti Marelli não irá segurar os investimentos no Ppaís. Em novembro, a fornecedora abrirá uma nova unidade, em Hortolândia (interior de São Paulo). A planta será voltada para a produção de bicos injetores. O montante aplicado para a construção da fábrica foi de 8 milhões de euros. A Magneti Marelli também investe na instalação de um centro tecnológico.
“Conforme o mercado se desenvolve, o consumidor passa a buscar mais tecnologia. E somos uma empresa de tecnologia, então vemos um futuro muito promissor no país”, comenta Cerutti, sobre o aumento nas vendas de veículos com maior valor agregado.
Otimismo – O presidente da Visteon do Brasil, José Helio Contador Filho, também acredita que a economia brasileira não vai frear tão rápido. “O país sofrerá algum impacto, mas não nessa proporção vista nos outros países”, afirmou o executivo.
A intensificação da turbulência mundial nas duas últimas semanas foi ressaltada pelo presidente da Iveco do Brasil (divisão de caminhões do Grupo Fiat), Marco Mazzu, um exemplo da volatilidade que o mercado vive. Por esse motivo, não considera “lógico” fazer algum tipo de modificação neste momento nos projetos da empresa. “Os planos hoje são os mesmos de seis meses atrás”, comentou Mazzu no evento.
Posição também usada pelo presidente da Delphi, Gábor Deák. Segundo ele, os investimentos já anunciados devem ser mantidos, mas é preciso de cautela para traçar os planos futuros. “A sensação que temos é de que o planejamento de longo prazo está cada vez mais adivinhatório”, observou Deák.
Câmbio – Embora o Brasil tenha instrumentos para fazer da crise uma oportunidade de crescimento, o presidente da Renault Mercosul, Jérôme Stoll, alertou que o país ainda é fraco em relação ao mercado internacional, principalmente por causa da vulnerabilidade perante a oscilação da taxa de câmbio. Stoll destacou a questão cambial principalmente por causa dos fornecedores de autopeças.
Outra questão levantada por Stoll é se a crise afetará os investimentos do governo em infra-estrutura. “Precisamos saber se a dificuldade de financiamento terá efeito sobre o pacote do governo. Não sabemos se esse financiamento virá na mesma velocidade do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, alertou. As melhorias na infra-estrutura brasileira são essenciais para a expansão da indústria nacional.
Da CNM/ CUT