Para nacionalizar carros elétricos, governo elevará tarifa de importação e criará cotas com alíquota zero

Governo calcula que deixou de arrecadar R$ 1,2 bilhão em tarifas de importação somente entre janeiro e agosto deste ano

Em uma tentativa de estímulo à produção nacional, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende elevar a tarifa de importação sobre veículos elétricos ou híbridos e criar cotas para que um volume reduzido de carros com essa nova tecnologia possa continuar entrando no país com alíquota zero. A medida deverá ser tomada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), nos próximos dias, e reverter uma política de tarifa de importação zero adotada para os elétricos importados desde 2015.

O governo trabalha com a perspectiva de que a nova alíquota tenha vigência a partir de 1° de dezembro. De acordo com fontes do setor privado consultadas pela CNN, os ministérios que têm assento na Camex já chegaram a um consenso sobre aumentar gradualmente – ano após ano – a tarifa até o limite de 35% em 2026. Enquanto isso, cotas para a entrada com alíquota zero de veículos elétricos ou híbridos fabricados no exterior começarão maiores e vão cair progressivamente, até serem eliminadas em 2026.

As informações foram confirmadas pela CNN com integrantes da equipe econômica. O governo calcula que deixou de arrecadar R$ 1,2 bilhão em tarifas de importação – caso fosse aplicada a alíquota máxima de 35% permitida pelas regras do Mercosul – somente entre janeiro e agosto deste ano. Na avaliação de fontes oficiais, isso acabou funcionando como uma espécie de “subsídio” para consumidores de alta renda, que hoje compram veículos elétricos.

A lista dos dez carros elétricos ou híbridos importados mais vendidos no mercado brasileiro inclui modelos como o Porsche Cayenne (preço final de venda na faixa de R$ 630 mil), o Volvo XC60 (R$ 420 mil), o Great Wall H6 (R$ 270 mil) e o BYD Song (R$ 230 mil). Nesses casos, segundo fontes do governo, deixa-se de cobrar até R$ 138 mil em tarifas de importação sobre esses modelos. Na prática, é muito mais do que países ricos têm distribuído em isenções tributárias para a compra de veículos do tipo.

Da CNN Brasil