Para professor, Monteiro no Desenvolvimento segue lógica de aliança de classes
Armando Monteiro é ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria
Nova política econômica expressaria a busca pelo entendimento com os diversos setores produtivos, em detrimento do enfrentamento
Para o professor e cientista político Francisco Fonseca, a nomeação de Armando Monteiro, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e candidato derrotado ao governo de Pernambuco, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio é resultado de uma lógica de aliança de classes que permeou os governos anteriores de Lula e o primeiro mandato de Dilma e que agora deve ser aprofundada.
As nomeações de Joaquim Levy para a Fazenda, representando os interesses do mercado financeiro, de Nelson Barbosa no Planejamento, sinalizando para a defesa dos salários, e as especulações em torno de Katia Abreu, cotada para o Ministério da Agricultura, corroboram as análises do professor de que a nova política econômica é calcada em maior articulação com os setores produtivos.
“Os governos Lula e Dilma, que claramente são progressistas e fizeram avançar vários segmentos sociais, o fizeram sempre numa perspectiva de acomodação, jamais do enfrentamento dos setores privilegiados”, aponta Francisco Fonseca, em entrevista nesta terça-feira (2) à Rádio Brasil Atual.
O professor afirma ainda que, apesar do amplo diálogo dos movimentos sociais, a pressão dos mesmos não será suficiente para alternar uma nomeação ministerial, ao comentar a polêmica em torno da eventual nomeação da senadora Katia Abreu, que também é presidenta da Confederação Nacional da Agricultura, e que sofre resistência, em especial por parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Sobre as declarações do novo ministro Armando Monteiro de que o maior desafio da pasta será aumentar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, Francisco Fonseca faz dura cobrança ao setor produtivo e alega que os empresários adotam um discurso liberal “da boca pra fora” e que o desafio não deve ser visto apenas como responsabilidade do governo.
“O setor privado, no Brasil, não está preocupado com modernização tecnológica, com direitos trabalhistas, com a corrupção, como se fosse apenas uma questão de estado. A corrupção normalmente é uma relação entre o poder público e o setor privado”, conclui o professor, chamando para as responsabilidades do empresariado nos casos de malfeitos.
Da Rede Brasil Atual