Para Sindicalistas, os ganhos das empresas devem ser divididos

Redução da jornada semanal de trabalho é uma forma de dividir o ganho de produtividade obtido nos últimos anos. Além disso, a expectativa é de geração de 2,2 milhões de postos de trabalho

As organizações que representam os trabalhadores dizem que a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais é uma forma de dividir o ganho de produtividade obtido pelas empresas nos últimos anos. Além disso, a expectativa é de geração de 2,2 milhões de postos de trabalho, de acordo com um estudo apontado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicas.

Para o coordenador da Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico da Central Única dos Trabalhadores (Fetquim-CUT), Geraldo Melhorine, o tempo a mais disponível ao trabalhador poderia ser usado para a capacitação da mão de obra. “O empresário reclama de falta de qualificação, mas trabalhando 8 horas e perdendo no mínimo duas para ir e voltar da empresa, não há tempo para os estudos”, afirma.

Na indústria farmacêutica, que adotou a jornada de 40 horas em janeiro, não houve demissões, conta Melhorine. “Também estamos cuidando para que não haja crescimento da hora extra. O que esperamos é que ocorram contratações nos próximos meses.”

Os metalúrgicos das montadoras ganharam em qualidade de vida, segundo Valmir Marques, presidente da Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT-SP. “Há mais tempo para lazer, para ficar com a família e até para estudar. Nenhuma empresa que adotou a jornada de 40 horas faliu ou ficou no prejuízo”, comenta.

A primeira redução de carga horária de trabalho da classe foi em 1995, quando conquistaram as 42 horas por semana. Em 2000 passaram a trabalhar em regime de 40 horas. Segundo Marques, houve um crescimento de 12% no número de vagas com a carga horária menor, principalmente no turno da noite das montadoras.

De acordo com o estudo do Dieese, o custo acrescido na folha de pagamento com a redução de jornada seria de 1,99% e não de 10%, como afirma a CNI.

A entidade afirma que com apenas o fim das horas extras, ou mesmo sua limitação, já teria um potencial de geração de 1 milhão de postos de trabalho.

Do JT