Para Sindicato, manutenção da Selic trava crescimento e impede avanço das medidas do governo

País segue com maior juros reais do mundo. A próxima reunião da instituição será nos dias 1 e 2 de agosto

Os Metalúrgicos do ABC reafirmam posicionamento contrário à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) após anúncio na última quarta-feira, dia 21, pela manutenção da taxa básica de juros do país, a Selic, em 13,75% – patamar em vigor desde agosto de 2022. A próxima reunião da instituição será nos dias 1 e 2 de agosto.

Segundo o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, o Banco Central está, na prática, aumentando os juros reais do país. “Desde agosto de 2022, a taxa está em 13,75%. Com a manutenção da Selic, o Brasil continua ocupando o primeiro lugar no ranking dos países com maior taxa de juros reais no mundo”. Hoje, o índice descontado a inflação prevista para os próximos 12 meses, é de 7,54%.

Foto: Adonis Guerra

A taxa real de juros, que considera a taxa nominal, a Selic, menos a inflação dos últimos 12 meses, não interessa ao setor produtivo e sim a quem tem muito dinheiro para aplicar e lucrar com o juros altos, o que não ajuda a economia do país, só os ricos a ficarem mais ricos.

Efeitos

Para o diretor, a explicação do Brasil liderar o ranking dos juros reais é porque no período de alta da inflação o BC elevou as taxas de juros e, no atual, com inflação bem menor do que estava, não faz o movimento contrário, ou seja, baixar a Selic. “Os efeitos da manutenção deste patamar, frente à redução da inflação, são a queda dos investimentos produtivos e da demanda interna, com o encarecimento do crédito, dos investimentos e a redução do consumo”, disse.

No ranking dos dez países com a maior taxa de juro real, estão Brasil (7,54%), México (5,94%), Colômbia (5,16%), Chile (4,89%), África do Sul (2,73%), Filipinas (2,59%), Indonésia (2,56%), Hong Kong (2,47%), Reino Unido (2,11%) e Israel (1,70%).

Sem justificativa

Wellington lembrou que existe um descompasso entre as decisões políticas de retomada do desenvolvimento e da geração de emprego com a decisão do Banco Central em manter da taxa de juros. “Ela não se justifica, trava o crescimento e impede ainda que as medidas anunciadas pelo governo federal surtam os efeitos práticos”.

“O governo editou uma medida para facilitar a venda de carros, por exemplo, mas a população não consegue comprar por conta dos juros altos. Temos um programa rodando que visa a renovação da frota de caminhões, mas pouca gente compra caminhões à vista, pois precisa de parcelamento, prazo e os juros do jeito que estão são impraticáveis”, disse.