PAROU TUDO
Greve na Volks contra as demissões continua. Produção 100% parada. Hoje, assembléia à tarde.
Os trabalhadores horistas e mensalistas acataram decisão de
assembléia e paralisaram totalmente as atividades da Volks
Anchieta durante todo o dia de ontem.
Pela manhã, o pessoal da Comissão de
Fábrica avisava aos que chegavam que os setores ficariam
todo o dia parados. Logo em seguida os mesmos informes foram repassados
aos mensalistas.
Já no primeiro dia de greve, a Volks contratou dezenas de
seguranças (os homens de preto), que passaram a circular
pelas áreas com atitudes intimidatórias.
À tarde, durante a chegada do pessoal do segundo turno, o
presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, disse
que a greve é um sucesso e que todos deveriam continuar de
braços cruzados.
“A Volkswagen resolveu comprar a briga com os seus
trabalhadores e essa briga será uma luta dura”,
afirmou ele, lembrando que a greve será feita na
fábrica e os rumos do movimento serão decididos
no dia-a-dia.
“A luta será longa e vamos utilizar uma
estratégia a cada dia para evitar uma contra ofensiva da
empresa”, afirmou.
Feijóo disse que para a próxima semana a
Confederação Nacional dos Metalúrgicos
da CUT está programando manifestações
por todo o País, entre elas uma mega panfletagem.
Ele reafirmou que os trabalhadores devem acatar as
orientações do pessoal da Comissão de
Fábrica e marcou para hoje à tarde uma nova
assembléia reunindo os dois turnos.
“Vamos definir outra forma de luta, de maneira que a Volks
tenha o máximo de prejuízo”, concluiu.
União será decisiva
“Tenho a ficha médica boa e não falto,
por isso não esperava receber a carta”, disse
ontem Isaias de Las Neves Filho, que trabalha na montagem do painel.
Ele tem 39 anos, é casado, mora na Vila Ema, em
São Paulo, e trabalha na montadora há 20 anos.
“Tenho uma vida inteira aqui. A Volks não pode
desrespeitar a gente dessa maneira, demitindo por carta”,
protestou.
Isaias disse que a união dos trabalhadores será
decisiva para que o movimento seja vitorioso. Ele está
torcendo: “Espero que tudo seja resolvido da melhor maneira
possível”.
A categoria pode ajudar
O soldador Sérgio Adriano Ferreira de Lima tem 36 anos e
está há 11 no emprego. É casado, mora
em Mauá e tem três filhas, duas delas com um ano
de idade, adotadas recentemente.
“A situação dos trabalhadores
é preocupante e temos de lutar até o fim. A gente
não pode perder as esperanças”, disse
ele.
Para Sérgio, o movimento começou muito forte e a
turma toda cruzou os braços. Ele acredita na
realização de ações de
solidariedade por parte dos metalúrgicos. “A
categoria pode ajudar e esperamos isso”, avisou.
Demissão é desumanidade
“Nas greves sempre tem algum furão, mas hoje
(ontem) ninguém trabalhou e foi tudo tranquilo”,
avaliou o piloto de testes Ailton Ferreira da Silva, 44 anos, casado,
quatro filhos e morador em São Miguel, em São
Paulo.
Ele está há 22 anos na Volks.
“Entregaram a carta de demissão para os oito do
setor e teve colega que quase desmaiou”, contou.
Ailton disse que ninguém merece o tratamento que a Volks
está dispensando aos trabalhadores.