Participação nos lucros revela receitas de empresas

"A crise econômica virou desculpa para tudo, tem muitas empresas se aproveitando do momento para demitir profissionais e readequar o quadro de funcionários, mesmo sem necessidade. A verdade é que, apesar de reduzido, o ritmo da economia ainda dá sinais positivos", destacou o economista Ricardo Bonatto

Mesmo com as queixas sobre queda na demanda, em decorrência da crise econômica mundial, empresas de todos os setores instaladas na região, pagam volumosas quantias a título de PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) aos trabalhadores.

“A crise econômica virou desculpa para tudo, tem muitas empresas se aproveitando do momento para demitir profissionais e readequar o quadro de funcionários, mesmo sem necessidade. A verdade é que, apesar de reduzido, o ritmo da economia ainda dá sinais positivos”, destacou o economista Ricardo Bonatto.

Exemplo dos bons resultados, algumas vezes ‘camuflados´´ pelas empresas, foi o valor da primeira parcela de PLR pago aos funcionários da Volkswagen: R$ 3.500. O valor, 15% maior do que o ano passado, mostra que os negócios não andam tão mal. “A PLR é um bom medidor de receita”, destacou Bonatto.

Na Scania, em São Bernardo, 2.900 trabalhadores receberam R$ 9.522,73 referentes a PLR no ano passado. Os valores a serem pagos neste ano, no caso das montadoras – com exceção da Volks -, ainda estão sendo negociadas com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Químicos – Os químicos, representados pelo Sindicato dos Químicos do ABC – cerca de 40.000 – recebem PLR. A categoria tem assegurado, em acordo, o pagamento mínimo de R$ 550 dividido em duas parcelas iguais, sendo metade até dia 31 de junho e a outra 30 de março.

No setor farmacêutico – com cerca de 5.000 trabalhadores na região -, a base de cálculo é diferente. Para empresas com até 100 empregados, o valor mínimo é de R$ 800. Para estabelecimentos com mais de 100 empregados, o benefício mínimo é de R$ 930.

História – O coordenador técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos), Airton Castilho Mello, destacou a importância do benefício. “A participação dos trabalhadores nos lucros ou nos resultados das empresas é um item presente na Constituição brasileira desde 1946, mas, fora algumas poucas experiências, só começou a ser negociada a partir de 1994”, explicou.

A PLR ganhou força em meados dos anos 90, em função da política de combate à inflação brasileira, baseada no aprofundamento da abertura da economia e no barateamento das importações. Essas medidas trouxeram impactos sobre as empresas, forçando-as a reduzir os custos e aumentar a produtividade. “O setor industrial foi o primeiro, mas o comércio e os serviços, também estão submetidos à lógica do aumento da competitividade”, lembrou o técnico.

Do Diário do Grande ABC