‘Passar a boiada’: Entidades criticam fala de Ministro do Meio Ambiente

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, considerou a pandemia da Covid-19 e sua ampla cobertura pela imprensa como uma oportunidade para o governo “ir passando a boiada e mudando todo o regramento” da área ambiental.

Foto: divulgação

No dia da reunião, o Brasil registrou 45.976 casos confirmados e 2.917 mortes pela Covid-19. Agora, pouco mais de um mês depois, o país já ultrapassou 391 mil casos e 24 mil mortes.

No meio da luta contra a pandemia, o governo tentou aprovar a Medida Provisória 910, conhecida como MP da Grilagem, que legitima a grilagem, o desmatamento e a violação das leis ambientais. Com a votação suspensa, a medida virou Projeto de Lei 2.633. 

CUT

A CUT repudiou em nota a declaração. “Todos os nossos esforços devem estar voltados para combater os ataques e retrocessos desse governo assassino, que além de ignorar a grave situação pela qual passa a humanidade, e em particular o povo brasileiro, tenta aniquilar o nosso futuro destruindo os nossos recursos naturais e entregando a nossa soberania em troca de mais lucros para os grandes do agronegócio e do sistema financeiro especulativo.”

Observatório do Clima

“Esperamos que Ministério Público federal, STF e Congresso tomem medidas imediatas para o afastamento do ministro Ricardo Salles. Ao tramar dolosamente contra a própria pasta, demonstra agir com desvio de finalidade.”

“Em resumo, a política antiambiental de Jair Bolsonaro e de seu ministro nos custa, além de degradação ambiental, empregos e vidas”.

Greenpeace Brasil

“Bolsonaro ganhou as eleições, mas não ganhou um cheque em branco para acabar com a floresta e os povos indígenas, os ministros gostem ou não. (..) Salles acredita que as pessoas morrendo na fila dos hospitais seja uma boa oportunidade de avançar em seu projeto anti-ambiental”.

WWF-Brasil

“A fala do Ministro Ricardo Salles expõe sua consciência de que o que está propondo é ilegal, e que portanto se ressente da ameaça que a Justiça pode trazer às suas intenções. (…) Apesar disso, choca constatar sua intenção de aproveitar a maior tragédia econômica e sanitária em muitas gerações, uma pandemia que já resultou em dezenas de milhares de vidas perdidas, para, em suas palavras, ‘passar a boiada’”.

SOS Mata Atlântica

“Entramos na Justiça em 17 estados e no DF contra o despacho do ministro que tira a proteção das margens dos rios, cria anistia e impede que se faça restauração mesmo daqueles proprietários que declararam interesse no cadastro ambiental rural. (…) É um escândalo e o ministro se auto denunciou. Na Mata Atlântica estão 70% dos brasileiros, dependemos exclusivamente do que resta dessa floresta para que tenha água”.