Patrão foge da negociação na Campanha e culpa falta de agenda
Luta pelos 8% de reajuste na Campanha Salarial continua em todo o Estado
Wagnão e Rafael durante a reunião na FEM-CUT. Foto: Raquel Camargo / SMABC
Os grupos patronais que ainda não fecharam acordo na Campanha Salarial 2012 estão usando a falta de espaço na agenda como desculpa para se esconderem das negociações com os trabalhadores.
Esta foi a conclusão a que chegaram os dirigentes dos 14 sindicatos filiados à Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM-CUT), durante reunião mantida nesta quarta-feira (26) para avaliar o andamento da Campanha em São Paulo.
“Eles dizem que não dispõem de tempo para discutir nossas reivindicações”, protestou Rafael Marques, vice-presidente do Sindicato.
“Nossa resposta será aumentar a mobilização nas fábricas, para quebrar essa intransigência com atrasos nas entradas dos turnos, operações tartaruga, assembleias prolongadas e todos os tipos de atos que possam quebrar a intransigência patronal”, prosseguiu. “Só assim eles vão nos ouvir”, afirmou o dirigente.
Os sindicalistas avaliaram também que a assinatura do acordo de 8% de reajuste com a Fundição jogou um problema no colo dos empresários que teimam em não chegar ao mesmo percentual.
“É cada vez maior o número de empresas que fecham acordos contrariando a orientação dos grupos a que pertencem”, salientou Wagner Santana, o Wagnão, secretário-geral do Sindicato.
“Isso acontece porque onde os patrões se recusam a pagar os 8% os Metalúrgicos do ABC entram em greve”, continuou o dirigente. “Poucas horas depois o patrão liga pro Sindicato e se compromete com os 8%, fechando mais um acordo”, contou Wagnão.
Biro-Biro, presidente da FEM-CUT. Foto: Raquel Camargo / SMABC
Onde tem pressão, fábricas chegam aos 8%
“Intransigência de patrão só se quebra com mobilização e luta”. Com estas palavras, o presidente da FEM-CUT, Valmir Marques, o Biro-Biro, abriu a reunião na sede da entidade com os 14 sindicatos filiados.
Por todo o Estado, a pressão dos trabalhadores vem arrancando acordos. Em Sorocaba, por exemplo, até esta quarta, 52 empresas já haviam se comprometido com o reajuste de 8%.
Nas empresas em que os patrões estão irredutíveis, a mobilização é intensificada com greves, protestos, atrasos nas entradas de turno, assembleias prolongadas e outras ações até as fábricas cederem.
“As empresas que não nos procuram para manifestar compromisso com o reajuste podem ter a produção interrompida a qualquer momento”, afirmou Ademilson Terto da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região.
Atrasos de produção e protestos diários acontecem também nas fábricas em São Carlos. Lá, mais de 60% das empresas já se comprometeram em dar os 8% de aumento.
“Vamos intensificar a mobilização até o fim de semana, já que a pressão tem dado resultados e cada vez mais empresas estão cedendo”, disse Erick Pereira, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Região.
Longas assembleias até na porta das fábricas que já fecharam acordo é o método utilizado pelos metalúrgicos em Taubaté para dar seu recado aos patrões. Cerca de 80% das empresas na cidade se comprometeram com o reajuste.
Da Redação