Patrão some e trabalhadores na Bomfio lutam para garantir direitos

Os companheiros e companheiras na Bomfio, de Diadema, cruzaram os braços no final do mês passado quando o patrão não pagou o salário de julho e sumiu. Eles estão na fábrica para garantir seus direitos e contam com a contribuição da categoria para manter a luta.

História e dramas que se repetem

Incompetência, má administração
e desprezo pelos
trabalhadores. O resultado
disso tudo é mais um fábrica
quebrada. Agora é a Bomfio,
de Diadema.

Os cerca de 85 trabalhadores
cruzaram os braços no
dia 27 de julho, data em que
o patrão prometera pagar o
vale de julho. O pagamento
não saiu e o patrão desapareceu.

A história é muito parecida
com outras já vividas
por metalúrgicos, como a
enfrentada atualmente pelo
pessoal na Fris Moldu Car.
Há três anos que as contas
do FGTS não recebem depósito,
que o INSS não é recolhido
e o pagamento de salários
sempre atrasando. Trabalhadores
demitidos ano
passado também não receberam
seus direitos.

“A má administração levou
a fábrica a essa situação”,
afirma o mecânico de manutenção
Antonio Carlos dos
Santos, do Comitê Sindical.

Estranho – O ferramenteiro Hélio
dos Santos Fausto diz que
nos últimos meses três consultorias
passaram pela Bomfio, no que os trabalhadores
desconfiam serem tentativas
do patrão de entregar a empresa
a laranjas.

“As consultorias chegavam,
iam atrás de dinheiro,
rodavam a fábrica para atender
certas demandas e não
ficavam”, recorda Fausto.
Segundo ele, foi criada uma
outra empresa com o nome
de Intercontinente pela qual
os companheiros recebiam
salário. “Acho que se o dinheiro
do nosso pagamento fosse
depositado em nome da
Bomfio seria bloqueado”,
desconfia.

Caminho da destruição – Antonio Carlos, do Comitê
Sindical, conta que a
Bomfio acumulou R$ 37 milhões
em dívidas e teve cortada
a luz por duas vezes. “Só
não cortou a água porque
pedimos para a Prefeitura
segurar”, recorda.

O operador de máquinas
José Aparecido da Cruz
lembra que por várias vezes
o patrão dispensava os trabalhadores
por falta de trabalho,
mas nunca lhes falou
sobre a real situação da fábrica.
“Ele só tirava dinheiro
daqui”, protesta.

O abandono pode ser
visto também no maquinário
e nas instalações bastante
prejudicadas.

O ferramenteiro João de
Jesus Platão reclama que nos
12 anos em que trabalha na
Bomfio nunca viu um centavo
de investimento em melhorias
nas condições de trabalho.

“A produção saia porque
os trabalhadores são
muito competentes”, atesta.

Luta promete ser longa e
conta com ajuda de todos

O coordenador da Regional
Diadema. Hélio Honorato,
previu que a luta dos
trabalhadores na Bomfio vai
ser longa. “A batalha tem
frentes políticas e jurídicas”,
disse Helinho.

O Sindicato já tem uma
ação na Justiça para o arresto
do prédio da fábrica. Ele
garantiu total apoio e o início
de uma campanha de arrecadação,
a exemplo da feita
para os trabalhadores na
Fris.

O pessoal na Papaiz, que
fica ao lado, já se mobilizou
e doou os alimentos para o
almoço de segunda-feira.

A situação está apertada
para os trabalhadores. “Já estou pendurado no cartão
de crédito”, revela o operador
de máquinas Sergio Oliveira.

O prensista Antonio
Carlos Ferreira está apreensivo
quanto ao pagamento
do plano de saúde, já que sua
mulher depende dele para
tratamento. “Meus direitos
só podem sair daqui da fábrica”,
afirma.

Os companheiros que
organizarem arrecadações de
alimentos nas fábricas podem
entrar em contato com
a Regional Diadema, pelo telefone
4066-6468.