Paulo Henrique Amorim: Os cinco crimes capitais da Globo
Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada
Um blogueiro sujo perguntou a este ansioso blogueiro que cadeira sugerir para um Curso de Jornalismo para Blogueiros Sujos em Pernambuco. Este ansioso blogueiro sugeriu um curso de nome “Os cinco crimes capitais da Globo”. E reproduziu o breve relato que tinha acabado de fazer a mil e tantas pessoas da plateia.
Primeiro crime capital.
A Globo começou como uma infratora. Ela não era a Globo quando nasceu, nas uma extensão do grupo americano Time-Life. O presidente Costa e Silva mandou o Roberto Marinho expulsar os americanos do Brasil. Delfim Netto, o ministro da Fazenda, chamou o Dr Roberto para conversar.
Dr Roberto disse que não tinha dinheiro para continuar. E, ou vendia a Globo, inteira, ao Time-Life, ou comprava a parte do Time-Life se o governo enchesse a programação da Globo de anúncios do governo, comprados pela tabela “cheia” de publicidade.
Tabela sem desconto. E ninguém no mundo vende publicidade na tevê pela tabela “cheia”. E Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa, a Eletrobrás – o governo militar encheu o Roberto Marinho de tabela cheia e ele comprou a parte dos americanos. Foi assim que a Globo se tornou “brasileira”.
Segundo crime capital.
Em 1982, a Globo coonestou numa patranha montada pelo governo Figueiredo para derrotar Leonel Brizola e dar a vitória a Wellington Moreira Franco, na campanha para governador do Rio. Foi a primeira eleição a usar computador no Brasil e o SNI operou uma empresa de “tecnologia” chamada Proconsult, que introduziu um “coeficiente Delta” no programa de apuração.
O “coeficiente Delta” tirava votos do Brizola e jogava na coluna dos “brancos” e “nulos”. O papel da Globo foi dar destaque às primeiras apurações da Proconsult, e anunciar na tevê, no rádio e no jornal que Wellington saía na frente e ia ganhar a eleição.
O papel da Globo era criar o fato consumado. Melar a apuração e levar para a Justiça Eleitoral. A Globo foi a precursora da Fox, que “elegeu” George Bush, antes de concluída a apuração, a vitória na eleição fraudada na Florida. Depois, a Suprema Corte confirmou a notícia da Fox.
A partir dessa tentativa de Golpe da Globo, Brizola passou a lutar pelo “papelzinho” da urna eletrônica. “Papelzinho” que já é lei, mas que a dra. Cureau, sempre imparcial, quer rasgar. Sobre esse tema, o ansioso blogueiro escreveu, com Maria Helena Passos o livro “Plim-Plim – a peleja do Brizola contra a fraude eleitoral”.
Terceiro crime capital.
No dia 25 de janeiro de 1984, no primeiro comício das diretas, o jornal nacional entrou ao vivo da Praça da Sé, em São Paulo, para dizer que aquela multidão estava ali para comemorar o aniversário da cidade.
Quarto crime capital.
A edição do jornal nacional na véspera da eleição de 1989. O jornal nacional editou o debate entre Collor e Lula com instruções expressas de Roberto Marinho: tudo de bom do Collor e tudo de mau do Lula.
Os autores da obra marinha foram o diretor de jornalismo Alberico de Souza Cruz e o editor de política, Ronald Carvalho. E editor que seguiu as instruções de Cruz e Carvalho, na ilha de edição, Octavio Tostes, deu histórico depoimento ao Sindicato dos Jornalistas do Rio, convidado pelo então diretor, Oswaldo Maneschy. E Tostes contou, ali, como foi a patranha. Cruz e Carvalho preferiram não aceitar o convite do Maneschy.
Nesta mesa edição do jn, foi feita uma pesquisa por telefone – naquela altura, 1989, só quem tinha telefone era branco de olhos azuis – que atestava que Collor tinha vencido o debate. Por fim, o jn se encerrava com um editorial de Alexandre Maluf Garcia – que continua a desempenhar o mesmo papel até hoje – para enaltecer a democracia: aquela democracia, que, logo antes, considerava que Collor vencera o debate.
Quinto crime capital.
Ali Kamel levou a eleição de 2006 para o segundo turno. Kamel, diretor de jornalismo ainda mais poderoso que Souza Cruz, omitiu o desastre da Gol em que morreram 154 brasileiros. (Porque dois pilotos americanos de um jato Legacy não ligaram o transponder.) Kamel omitiu a tragédia para não desmontar a paginação do jornal nacional, ali, na véspera da eleição do primeiro turno – Lula, x Alckmin. O jn estava montado para tratar, quase que exclusivamente, da foto do dinheiro dos “aloprados”.
Como se sabe, um delegado da policia federal de São Paulo (sempre São Paulo!), o famoso delegado Bruno (onde anda o delegado Bruno ?) esqueceu as pilhas de dinheiro dos aloprados em cima da mesa. E, sem que ele percebesse, ou por mera coincidência, o Rodrigo Bocardi, da Globo e a Lílian Christofoletti, da Folha, passavam ali, na hora, e fotografaram tudo. Uma coincidência impressionante !
Essa histórica edição do jn — talvez mereça capítulo dourado no próximo livro (sempre um best-seller) do Kamel — mostrou também a cadeira vazia do Lula, que não foi ao debate da véspera, na Globo. Um trabalho golpista irretocável. O Conversa Afiada tratou deste momento inesquecível da carreira fulminante de Kamel no post “O primeiro Golpe já houve. Falta o segundo”.
Este ansioso blogueiro se ofereceu ao blogueiro sujo de Pernambuco para dar seu testemunho pessoal a dois segmentos do curso. O do “crime da Proconsult” e o do “crime do debate do Collor”. Este ansioso blogueiro sugeriu também que o paraninfo da turma seja o Mino Carta. E que a turma tenha o nome de “Turma Ali Kamel – 2010.”