Pazuello demostra desconhecimento sobre Covid e confirma que Bolsonaro participou de decisão de não socorrer Manaus
Em mais um dia de depoimento à CPI da Covid, que investiga às ações e omissões do governo Bolsonaro no combate à pandemia que já vitimou mais de 442 mil brasileiros, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi confrontado ao tentar proteger Bolsonaro.
Logo no início da sessão, Pazuello foi questionado sobre a decisão de não acatar um pedido de intervenção federal no Amazonas no auge da crise. O ex-ministro afirmou que a decisão foi tomada em uma reunião de ministros e confirmou que Bolsonaro estava nessa reunião, e completou dizendo que não intervir foi uma decisão de governo.
Ao receber perguntas básicas sobre a Covid-19, o general escolhido por Bolsonaro para comandar a pasta em meio à maior crise sanitária da história, se enrolou nas respostas e mostrou total despreparo técnico para lidar com o assunto.
Sobre a tentativa de Pazuello, assim como no primeiro dia de depoimento, de encobrir a verdade, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), que é médico, reforçou que de acordo com a fala do ex-ministro ele próprio poderá será responsabilizado.
“O senhor vem aqui e diz que tudo o que aconteceu é de responsabilidade sua e que o presidente não interferiu na sua gestão. Não sei se o senhor está compreendendo o que está acontecendo. Estamos caminhando para termos um grande responsável: o ex-ministro Eduardo Pazuello”.
O parlamentar ressaltou as contradições de Pazuello. “Então, alguém está mentindo. Pois, aqui, o senhor defendeu o isolamento social, o uso de máscaras. Disse, também, que apoiou todas as medidas de estados e municípios e que é contra a imunidade de rebanho. Tudo isso que foi estimulado pelo governo de Jair Bolsonaro. Mas, na prática, o governo tomou outro rumo e o senhor assumiu como sendo de responsabilidade sua”.
O senador pediu que o depoimento do ex-ministro da Saúde seja encaminhado para o Ministério Público pelo fato de Pazuello não ter falado a verdade com o intuito de proteger Bolsonaro.
TrateCov “roubado” e cobaias
Sobre o aplicativo criado pelo Ministério Saúde que recomendava a prescrição de cloroquina – medicamento sem eficácia comprovada para tratamento da doença – até mesmo para o tratamento de bebês e gestantes, Pazuello afirmou que a plataforma teria sido “roubada”.
“O hacker é tão bom que ele conseguiu colocar o aplicativo em uma matéria na TV Brasil”, ironizou o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da Comissão. Omar lembrou que o aplicativo foi anunciado em evento oficial em Manaus e afirmou: “Tudo que poderia ter sido feito para usar o povo amazonense de cobaia foi feito”.