Pedagiômetro estreia apontando mais de R$ 3,8 bilhões gastos
Sindicalistas inauguram painel eletrônico na avenida Goiás, em São Caetano
Pedagiômetro em São Caetano. Foto: Antônio Ledes
O Comitê de Sindicalistas do ABC inaugurou um pedagiômetro na avenida Goiás, em São Caetano, nesta sexta-feira (24/09). Agora os moradores da Região poderão acompanhar, em tempo real, quanto as concessionárias arrecadam com o pedágio cobrado nas mais de 220 praças das rodovias paulistas.
De acordo com Waldir Tadeu David, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do ABC e um dos coordenadores do projeto, São Caetano foi escolhida para abrigar o equipamento por seu perfil econômico. “O PIB daqui é elevado, a população de São Caetano é a que mais paga pedágio no ABCD. São os moradores daqui que vão para a praia no fim de semana, são eles que mais pegam estrada”, disse, reiterando que a ideia é mostrar quanto é investido e comparar com o proveito que se tira disso.
Para o vereador e presidente do PT de São Caetano, Edgar Nóbrega, com o pedagiômetro a sociedade terá plena noção do custo-benefício das tarifas cobradas em pedágios. ‘Essa é uma ação concreta em prol da transparência, todos ficarão mais atentos ao que pagam e assim poderão cobrar seus direitos”, disse.
Campeão
O pedágio de São Paulo é o mais caro do Brasil e um dos mais caros do mundo, batendo inclusive o valor cobrado nas rodovias dos Estados Unidos e da Itália. De acordo com especialistas, o modelo de concessão de pedágios no Estado de São Paulo garante às empresas responsáveis pelas concessões das rodovias (e cobrança do pedágio) lucros maiores do que os do sistema financeiro.
Para efeito de comparação, está mais barato viajar a outro Estado brasileiro do que internamente, nas rodovias paulistas. Cruzar de carro os 404 quilômetros entre a Capital paulista e Curitiba, no Paraná, por exemplo, custa R$ 9 em tarifas. Já para cobrir distância semelhante até Catanduva é preciso desembolsar R$ 46,70 em pedágio. Na rodovia Florida´s Turnpike, nos Estados Unidos, o preço por quilômetro rodado é de R$ 0,076, enquanto a média nas rodovias paulistas é de R$ 0,111, ou 46% superior ao da rodovia norte-americana.
Pesquisa do Ibope feita a pedido da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) mostrou que 46% dos empresários do Estado de São Paulo consideram o pedágio das estradas um dos grandes entraves ao crescimento da indústria. Um caminhão com seis eixos, para ir e voltar de São Paulo a Rio Preto, paga R$ 770 de pedágio. Se o mesmo caminhão for e voltar de Minas Gerais, o motorista irá gastar R$ 107 (estradas federais).
Histórico
Desde o início da privatização das rodovias de São Paulo, em 1998, foram instalados 112 pedágios nas estradas paulistas – o equivalente a uma praça nova a cada 40 dias. O Estado já tem mais pedágios do que todo o resto do Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias
As concessões estaduais das rodovias no Estado de São Paulo começaram durante o governo tucano em 1998, na esteira das privatizações de Fernando Henrique Cardoso. O modelo de concessão federal foi efetivado em 2007 pelo governo Lula. As concessões de rodovias se fundamentam em três pontos-chaves que, realizados distintamente, proporcionam diferenças entre eles: o tipo de leilão, a taxa interna de retorno e o índice de reajuste.
O sistema de concessão de São Paulo parte da chamada concessão onerosa, no qual o Estado cobra das empresas o direito de explorar determinado sistema rodoviário, fazendo com que esse valor da outorga seja embutido nas tarifas. Ao contrário, os leilões para as estradas federais permitem que as rodovias sejam exploradas pela empresa que oferece a menor tarifa de pedágio para os usuários. Já a taxa interna de retorno – ou o lucro das empresas – está na ordem dos 20% nos modelos estaduais e em 8,5% no federal.
Do ABCD Maior (Marina Bastos)