Pela implantação do Contrato Coletivo Nacional de Trabalho

Helio Honorato, Secretário de Finanças da FEM-CUT/SP e trabalhador na Volks, fala das mudanças do setor automobilístico

O setor automobilístico obteve nos últimos anos um crescimento positivo. Hoje, o Brasil ocupa a 6ª posição maior do mundo em número de unidades produzidas (média de 1,89 milhão de unidades, segundo a ANFAVEA), ultrapassando a francesa. As recentes medidas de desoneração de impostos, implantadas pelo governo Lula, como a prorrogação do IPI, contribuíram para alavancar as vendas dos veículos. Além disso, agora as montadoras terão que respeitar uma contrapartida do governo de que enquanto se beneficiarem desta medida não poderão demitir. Esta foi uma das nossas principais reivindicações, afinal a manutenção dos postos de trabalho e da renda é fundamental para combater a crise, porque mantém a economia e o mercado aquecidos.

Os trabalhadores do setor automotivo têm muitos desafios pela frente. Visando debater este tema realizamos, no final de abril, o 2º Encontro Nacional dos Trabalhadores da VW, em Curitiba. A necessidade de fortalecer a organização da categoria nos locais de trabalho para enfrentar os efeitos da crise mundial foi um dos assuntos debatidos.  Outros temas foram as desigualdades salariais que existem em várias plantas do Brasil, como em Curitiba e São Carlos, bem como nas jornadas de trabalho e nas condições de trabalho. Uma pesquisa preliminar da Subseção do Dieese da CNM-CUT, “Do Salário às Compras (2006)” constatou esta realidade. O estudo analisou a remuneração, preços e o poder aquisitivo por hora de trabalho dos trabalhadores metalúrgicos em 54 municípios brasileiros com produção Automobilística, Siderúrgica e Autopeças. O levantamento mostrou que um trabalhador metalúrgico do ABC teria que gastar 44,05% de seu pagamento e trabalhar 129,88h para conseguir comprar uma cesta de 54 produtos e serviços, enquanto o trabalhador goiano precisaria trabalhar 446,89h, gastando o equivalente a 233,58% de seu salário mensal.

É nosso papel e dever, enquanto sindicalistas do ramo metalúrgico cutista, combater esta situação e a alternativa para minimizar estas injustiças é implantar um Contrato Coletivo Nacional de Trabalho (CCNT). Apresentamos no ano passado esta proposta para as bancadas patronais que tem a finalidade de criar um Piso Nacional para o setor igual que contemple todas as regiões do País e também visa melhorar as condições de trabalho e os direitos sociais.

Na nossa Campanha Salarial incorporaremos esta importante bandeira que, além de contribuir para combater a precarização, também possibilitará um ambiente justo e equilibrado na relação capital X trabalho. A organização e a mobilização da categoria são fundamentais para conquistarmos este objetivo.

Da FEM/ CUT