Pela redução da jornada de trabalho

Uma matéria de jornal me chamou a atenção logo pela manhã. Em outros dias talvez eu nem tivesse me interessado por ela, mas nesse período difícil da minha vida, eu a lia de maneira diferente. A discussão sobre a redução da jornada de trabalho, agora, tinha outro significado para mim. Lembrei-me do meu pai, hoje tão doente, e de quanto ele havia trabalhado em toda sua vida.

Pensei nas poucas vezes em que ele esteve presente nas festas da escola ou mesmo dentro de casa. No dia a dia eu mal o via. Ele saia para trabalhar muito cedo, enquanto eu ainda dormia, e só voltava muito tarde, quando eu já estava dormindo. Também os finais de semana foram sacrificados por conta do seu trabalho, e nas vezes em que ficava em casa, estava sempre cansado, sem ânimo, apático.

Tempo
Agora, já adulto, percebo que não tivemos tempo para viver em família. Por causa da longa jornada de trabalho do meu pai, minha mãe teve que arcar com grandes responsabilidades e, sobrecarregada pelos afazeres da casa e da criação dos filhos, vivia estressada, cansada, sem paciência. Percebo que por mais que ela quisesse fazer tudo diferente, a carga de trabalho também era pesada para ela.

Lembrando de tanta coisa, compreendi o quanto a longa jornada de trabalho do meu pai o tinha afastado de sua família, de seu mundo, de si próprio. Pensei nele já no final de sua vida e no tempo que teríamos para ficarmos juntos, antes de tudo acabar. Isso é uma grande injustiça!
Pensei também até que ponto eu não me comporto igualzinho a ele em minha vida, no meu dia a dia, na relação com meu filho, com minha família, com meu pai e com minha mãe.

Cheguei à conclusão de que reduzir a jornada de trabalho é mais do que necessário, é imprescindível. É indispensável aproveitar o tempo, já tão escasso, para estar com quem se gosta, para fazer o que se gosta. É isso que faz valer a pena viver!

É só dessa forma, acreditando nisso, é que mudaremos este cenário tão angustiante.

dica do Dieese
Subseção Dieese do Sindicato
Comente esse artigo. Escreva para sumetabc@smabc.org.br