Pequenas indústrias voltam a contratar após período de instabilidade, revela Simpi
Pesquisa aponta que 19,8% dessas empresas estão contratando no terceiro trimestre (julho a setembro). O resultado ratifica a tendência de queda nas demissões
Os sinais de recuperação econômica, após o estouro da crise financeira global em outubro, começam a se fazer perceber entre as pequenas fabricantes, com até 50 funcionários, segundo levantamento feito pelo Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias no Estado de São Paulo (Simpi).
A pesquisa, divulgada na segunda-feira (27), aponta que 19,8% dessas empresas estão contratando no terceiro trimestre (julho a setembro) e 6% vão demitir no mesmo período. As restantes devem manter o quadro de funcionários inalterado.
O resultado, de acordo com a entidade, ratifica a tendência de queda nas demissões, uma vez que 35,3% das entrevistadas afirmaram ter eliminado postos de trabalho no segundo trimestre.
Em muitos casos, as admissões significam reposição de pessoal demitido no auge da retração na demanda, no fim do ano passado. Um exemplo é a fabricante de utensílios domésticos de plástico MF Middelfield, de Diadema. Em meados de 2008, a microempresa possuía quadro de 12 empregados. “Chegamos a ficar com a metade disso, em dezembro”, afirma o proprietário, Kenjiro Nakata.
O empresário relata que, aos poucos, as vendas têm crescido, o que permite gradualmente fazer contratações. Atualmente, a MF já conta com dez trabalhadores e tem perspectiva de abrir mais algumas vagas até o fim do ano, dependendo do comportamento do mercado.
Por sua vez, a melhora nas vendas de implementos agrícolas, nos últimos meses, também impulsionou encomendas da pequena empresa Resiplastic, de Mauá, que faz peças para tratores. A empresa tinha 120 empregados no ano passado, reduziu para 70 no fim do ano e agora já emprega 90.
PERSPECTIVA – Outro estudo, da CNI (Confederação Nacional da Indústria) confirma a melhora do cenário. A Sondagem Industrial aponta que, de forma geral, o emprego se manteve em queda entre as pequenas fabricantes no segundo trimestre, mas o patamar da retração ficou menos pior do que no primeiro trimestre.
O indicador, que varia de zero a 100 (acima de 50, indica evolução favorável, e abaixo disso, retração), revela que, para as empresas de porte reduzido, a situação, no que se refere à abertura de vagas, passou de 37,9 pontos nos primeiros três meses para 43,9.
Os sinais de reação não se dão de forma homogênea, já que alguns segmentos ainda com produção em níveis decrescentes nos últimos meses (como o ramo de máquinas), segundo o diretor titular da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato.
TEMOR – O levantamento do Simpi aponta ainda que entre os temores dos microempresários estão as incertezas da economia, a queda nas vendas e a falta de crédito.
Para melhorar o acesso ao crédito, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) assina hoje convênio com o governo do Estado para a oferta de linhas de financiamento para micro e pequenas.
Do Diário do Grande ABC