Pescando letras
Os trabalhadores do setor de pesca no Brasil estão envolvidos numa interessante experiência educacional. Levando em conta que cerca de 70% da categoria é analfabeta, sindicatos e o Ministério da Educação articularam um projeto inovador de alfabetização e de elevação de escolaridade, o “Pescando letras”.
As atividades escolares concentram-se em determinados períodos do ano, particularmente nos meses em que os pescadores ficam parados, em função da proibição da pesca. Característica importante do projeto é a forma de organização dos currículos dos cursos. Os temas escolhidos dialogam com a vida dos pescadores, com seu tempo de vida e com suas condições de trabalho.
Também fazem parte das aulas temas como a legislação que regula as atividades do setor, a proteção do meio ambiente, a importância do associativismo e o desenvolvimento sustentável. Um dos indicadores de qualidade do projeto é o elevado índice de alunos que conclui os cursos.
Agro-ecologia do MST
O Movimento dos Sem Terra se destaca há vários anos não só pelo significado político de sua luta pela reforma agrária, mas também pela importância que dá ao processo de formação de seus militantes e dirigentes. Uma das primeiras iniciativas em cada acampamento é a organização das atividades educacionais.
No início, elas se limitavam a cursos de alfabetização e do ensino fundamental, combinados com um processo de formação política. A educação foi se tornando, desta forma, um dos pilares do movimento. A experiência evoluiu a tal ponto que o MST está inaugurando, junto com a Universidade Federal do Paraná, o primeiro curso superior para tecnólogos na área de agro-ecologia.
Enquanto no Brasil ainda se discutem as mazelas do sistema educacional, as duas experiências mostram como os movimentos populares podem fazer da educação um instrumento eficaz de transformação social.
Departamento de Fomação