Pesquisa da Fiesp mostra confiança dos industriais

As previsões de vendas também são otimistas. Embora 36% apostem em vendas constantes, outros 39% acreditam que haverá aumento das vendas

Levantamento feito pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) com 1.205 companhias paulistas nos primeiros 20 dias de novembro mostra que 36% dos entrevistados estão confiantes na economia brasileira e outros 17% estão satisfeitos. Os pessimistas somam 29% da base consultados, mas 13% ainda estão otimistas com o cenário futuro.

Entre os maiores problemas para atividade citados pelos empresários, a carga de tributos liderou o ranking com 61% das respostas. No ano passado, esse quesito também estava no topo, mas com 69% das menções. A taxa de juros surgiu com 17%, ante 11% em 2007, e o câmbio foi a terceira variável mais lembrada, em 14% dos casos, ante 12% no ano anterior. A infra-estrutura também aparece, mas diminuiu representatividade de 7% para 5% entre as questões mais importantes para o setor.

Embora o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, aponte o crédito como o problema mais preocupante do momento, o tema não foi mencionado na pesquisa. Para Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, é possível que as dificuldades com o custo do crédito tenham sido embutidas no quesito juros, cuja menção foi mais freqüente no levantamento deste ano.

As previsões de vendas também são otimistas. Embora 36% apostem em vendas constantes, outros 39% acreditam que haverá aumento das vendas e apenas 22% estão menos confiantes e projetam redução das vendas. De qualquer modo, vale notar que no ano passado a fatia de empresários paulistas que esperavam aumento das vendas era de 77% e os que previam redução somavam apenas 4% da base avaliada.

Paulo Skaf lembra que a crise afeta de forma diferente os diversos segmentos da indústria e destaca que o levantamento mostra uma fotografia do momento específico e que as coisas estão mudando com rapidez. Assim, uma pesquisa feita hoje poderia mostrar um cenário diferente, talvez pior.

Para Francini, do Depecon, o resultado do levantamento pode estar relacionado com a indústria paulista, que vem mostrando resultados melhores do que em outras regiões em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em pesquisa de outubro, por exemplo, a produção industrial paulista caiu apenas 0,2% enquanto a média nacional ficou negativa em 1,7%.

Ainda que esperem vender mais, é menor o número de empresários que projetam aumento também de rentabilidade. Neste grupo encontram-se 31% dos entrevistados, enquanto 39% apostam em estabilidade Outros 29% estimam perda de rentabilidade.

Também surpreende na pesquisa a previsão de estabilidade do nível de emprego por parte de 55% dos empresários. Além disso, se 24% deles pensam em enxugar a folha de pagamentos, outros 20% têm previsão de contratação. Também neste caso vale ressalvar que um ano antes a pesquisa era bem mais promissora nesse quesito: 51% pensavam em contratar mais ao longo de 2008, 42% manteriam o nível e apenas 7% planejavam demitir.

Ainda assim, os setores menos otimistas são o de máquinas e equipamentos e o de veículos e outros equipamentos de transportes, onde a intenção de redução do nível de emprego é citada por 34% dos empresários.

Questionados sobre o momento atual paras as exportações, 50% estão com níveis estáveis de vendas externas, mas 36% disseram que houve baixa. Nesse grupo, a indústria de veículos e de minerais não metálicos lideraram a percepção negativa sobre o tema. No primeiro caso, 46% reportaram redução e, no de materiais não metálicos, 48% dos empresários informaram diminuição das vendas para fora.

Quando questionados sobre a percepção paras vendas internacionais para os próximos dois anos, 40% estimam estabilidade, 26% acham que haverá aumento e 18% estimam queda das vendas externas para o período. Outros 16% não sabem ou preferiram não responder.

Em meio à forte volatilidade do dólar, as previsões do empresariado paulista para o final de 2009 dividiram-se da seguinte maneira: 37% apostam que a moeda americana ficará na faixa de R$ 2,00; 24% estimam cotação de R$ 2,20; 15% apostam que a moeda ficará entre R$ 2,40 e R$ 2,60 e outros 16% estimam que a divisa deverá retroceder e situar-se em níveis entre R$ 1,60 e R$ 1,80.

Do Valor Online