Pesquisa DataSenado aponta avanços na inclusão de pessoas com deficiência

Nos últimos três anos, cresceu a proporção de pessoas com algum tipo de deficiência inseridas no mercado de trabalho. Essa é uma das constatações da mais recente pesquisa do DataSenado, que foi apresentada na última quinta-feira (5) durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).

Realizada em âmbito nacional, a pesquisa dá continuidade ao levantamento feito em 2010 sobre o mesmo tema. A ideia é comparar dados para apresentar um amplo balanço dos avanços e desafios para assegurar a cidadania das pessoas com deficiência, na voz dos próprios interessados.

Foram realizadas 1.007 entrevistas com os mesmos participantes do primeiro levantamento. A amostra foi subdividida em três categorias: pessoas com deficiência física, visual e auditiva. Os dados foram coletados entre os dias 28 de outubro e 25 de novembro de 2013. Os resultados têm margem de erro de 3%. O relatório completo será disponibilizado no site DataSenado.

Para 88% das pessoas entrevistadas, as suas condições de vida melhoraram ou permaneceram iguais desde 2010. Também conforme o levantamento, em 2010, 55% dos entrevistados realizavam algum tipo de trabalho remunerado. Em 2013, esse número subiu para 66%. O emprego é também a maior preocupação das pessoas com deficiência segundo a pesquisa.

– A maioria dos entrevistados acredita que a legislação torna mais fácil a contratação de pessoas com deficiência. O emprego é apontado como a área que precisa de mais atenção para 1/3 dos entrevistados – afirmou Thiago Cortez Costa, assessor especial da Secretaria de Transparência do Senado, cientista político, e mestre em pesquisas sociais pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE.

Acessibilidade

Apesar dos avanços identificados pela pesquisa Data Senado, a acessibilidade continua sendo desafio para pessoas com deficiência no país, conforme observou Thiago Costa.

– Na avaliação de 68% dos entrevistados, apenas a minoria dos prédios públicos está adaptada para receber pessoas com deficiência. E para 67%, apenas a minoria dos estabelecimentos comerciais está adaptada. Pior do que isso, uma em cada cinco pessoas relatou total despreparo desses locais – observou Costa.

A percepção dos entrevistados é ainda pior com relação às vias públicas. Quase 1/3 das pessoas com algum tipo de deficiência relatou que nenhuma rua ou calçada está adaptada às suas necessidades. O transporte público também é alvo de críticas. Pouco mais de 1/3 afirmou que ônibus, metrôs, barcas e trens não atendem bem às pessoas com deficiência. Os motivos incluem a falta de veículos adaptados; o desrespeito de outros passageiros em relação aos lugares preferenciais; e a falta de treinamento, sensibilidade ou paciência de funcionários das empresas de transporte público.

– A pesquisa constatou também que 42% dos entrevistados já deixaram de ir a algum lugar porque a estrutura física do local não estava adaptada a suas necessidades – assinalou o assessor especial da Secretaria de Transparência do Senado.

Educação

Quando o tema é a educação, 52,1% das pessoas com deficiência entendem que o próprio adolescente deveria escolher a escola onde estudar. Se pudessem escolher, a maior parte dos entrevistados optariam por uma classe comum em uma escola regular, conforme a pesquisa.

– A inclusão é um sentimento desejado pela população que tem algum tipo de deficiência. Elas também buscam opções e lazer que podem ser compartilhadas com outras pessoas – observou o assessor especial da Secretaria de Transparência do Senado.

Inclusão no Senado

Durante a audiência pública, a diretora-geral adjunta da Casa, Ilana Trombka, destacou algumas das ações recentes de gestões do Senado para inclusão de pessoas com deficiência. Entre elas, o trabalho realizado pela equipe de higienização do acervo da Biblioteca, composta por alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do Distrito Federal (APAE-DF). A atividade exige concentração e responsabilidade, em um ambiente que permite desenvolvimento profissional e convivência igualitária com os demais colegas de trabalho. Segundo Ilana Trombka, esses profissionais dependem apenas de oportunidade para trabalhar.

– A sociedade não tem que ser benevolente com pessoas com deficiência, mas dar oportunidade de participação a todos – disse.

No caso específico do Senado, ela observou serem necessários mais avanços, como a construção de rampas de acesso para cadeirantes em algumas áreas da Casa.

Da Agência Senado