Pesquisa mostra a evolução do negro no mercado de trabalho
Diferenças entre negros e não-negros reduziram gradualmente entre 2004 e 2008, segundo o Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese
As diferenças entre negros e não-negros reduziram gradualmente no mercado de trabalho. Esta é a principal conclusão da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), da Fundação Seade e do Dieese divulgada nesta quarta-feira (18).
O estudo permite dimensionar as mudanças ocorridas na forma de inserção produtiva dos segmentos populacionais segundo raça/cor. Escolheu-se analisar a evolução ocorrida no período de 2004 a 2008, quando a economia brasileira experimentou forte dinamismo.
Ainda que se trate de um período de expansão econômica e aquecimento desse mercado, tais resultados sugerem possível redução das desigualdades sociais que ainda vigem em nossa sociedade e, ao mesmo tempo, mostram que ainda é longo o caminho a se percorrer para superá-las.
Na Região Metropolitana de São Paulo, a participação da população negra no total correspondia a 38,4%, em 2008, maior, portanto, que a registrada em 2004 (35,1%). Segundo as informações da PED, a População Economicamente Ativa (PEA) negra diminuiu sua participação entre 2004 e 2008 (de 37,3% para 36,6%), mas aumentou sua proporção de ocupados e decresceu a de desempregados em relação à respectiva População em Idade Ativa (PIA). Com isso, diminuiu ligeiramente a sobrerrepresentação dos negros no contingente de desempregados da RMSP (de 45,0% em 2004, para 43,7% em 2008), refletindo suas maiores dificuldades para se inserir no mercado de trabalho.
O aumento da participação de negros ocupados nos Serviços, o crescimento menos intenso do que o de não-negros na Construção Civil e a redução nos Serviços Domésticos contribuíram para uma ligeira melhora na composição setorial da ocupação, fato reforçado pelo aumento da proporção da contratação com carteira assinada e acesso aos direitos trabalhistas e previdenciários.
Também diminuíram as diferenças entre negros e não-negros analisando se as formas de inserção segundo níveis de qualificação e tipos de tarefas a eles associados: declinou a participação de não-negros nos postos de direção, gerência e planejamento, enquanto a dos negros cresceu ligeiramente, e diminuiu sua participação em tarefas de execução e aumentou naquelas de apoio.
A repercussão desses fatos manifestou-se no crescimento do rendimento médio real dos negros (6,1%) e na relativa estabilidade para os não-negros (0,1%). Ainda que este resultado tenha implicado alteração muito pequena do diferencial de renda existente (o rendimento dos negros passou de 53,1% do valor dos não-negros, em 2004, para 56,3%, em 2008), mostra uma tendência de lenta aproximação na relação entre os dois grupos, mesmo em um período de expressiva expansão da economia e da ocupação.
No Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, a sociedade brasileira homenageia Zumbi dos Palmares (1655-1695) e os ideais da liberdade que o líder negro representa.
Do Dieese