Petistas defendem redução do spread bancário

A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara aprovou requerimento para a criação da subcomissão do Sistema Financeiro

A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara aprovou requerimento dos deputados petistas Cláudio Vignatti (SC), Pedro Eugênio (PE) e Ricardo Berzoini (SP) para a criação da subcomissão do Sistema Financeiro. A subcomissão é considerada estratégica para o País em decorrência da crise econômica e financeira mundial, conforme definição do próprio presidente da Comissão de Finanças, deputado Vignatti.

A subcomissão vai discutir, acompanhar e propor iniciativas relacionadas ao spread bancário (diferença entre o custo do dinheiro para instituições financeiras e o quanto elas cobram para emprestar para consumidores e empresas) e à eficácia dos instrumentos de crédito no Brasil.

O deputado Pedro Eugênio avalia que o País não pode mais conviver com os exorbitantes lucros do setor financeiro brasileiro. “Esperamos que a comissão seja capaz de sugerir medidas concretas e objetivas que sirvam para reduzir o spread bancário. O spread brasileiro é o maior do mundo. Não faz sentido o custo de captação dos bancos ser reduzido, e a população e as empresas, que geram empregos e consumo, paguem juros absolutamente fora da realidade”, reclamou.

Outra meta é instituir uma regulação rigorosa para o setor, evitando que as instituições financeiras do País cometam erros como o cometido por alguns dos principais bancos do mundo, o que resultou em uma das maiores crises financeiras dos últimos 80 anos. “Os bancos norte-americanos e os seus correlatos na Europa, por exemplo, são os grandes responsáveis por esta crise. Eles venderam papéis podres, deram empréstimos a quem não tinha condições de pagar, e, ainda por cima, lastrearam outros empréstimos contando com estes recebíveis, que na verdade jamais seriam pagos. Eles criaram uma pirâmide com base absolutamente podre”, explicou.

Fiscalização – No Brasil, segundo Pedro Eugênio, devido à fiscalização rigorosa do Banco Central, os bancos estão mais saudáveis economicamente. Mesmo assim, recusam-se a manter o crédito, que prejudica a economia. “Eles (os bancos) são responsáveis, aqui no Brasil, por uma outra questão que tem servido de transmissão dos efeitos da crise: a retração do crédito. Os bancos não estão querendo assumir riscos e, com isso, a economia é afetada. Empresários, unanimemente, têm reclamado que os bancos não querem mais emprestar, mesmo para empresas sólidas”, disse.

Na opinião de Pedro Eugênio, não há justificativas para que os bancos brasileiros reduzam a oferta de juros. “O governo brasileiro tem cumprido a missão importante de garantir recursos, diminuindo o compulsório, que é um dinheiro dos bancos que ficava retido no Banco Central. Foi liberado algo próximo de R$ 90 bilhões. Eles têm bastante dinheiro, mas mesmo assim não querem emprestar, preferem deixar o dinheiro investido em títulos públicos. Isso é ruim para o País. O processo produtivo está sendo quebrado, não pelo mercado, mas sim pela ausência de crédito”, afirmou.

Vignatti também reclamou dos bancos privados. “Há problemas na economia, em alguns países até recessão, por falta de crédito no mercado mundial”. No caso do Brasil, segundo Vignatti, uma solução para o problema seria uma mudança no fator de risco dos bancos públicos, para que eles possam suprir a demanda de crédito no mercado nacional. “Os bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, que são grandes bancos de varejo públicos, têm a missão importante de suprir essa lacuna. Por isso defendo que o governo estabeleça mecanismos para mudar o sistema de risco dos bancos públicos”.
 
Do PT