Petrobras convoca empresas da Região
Micro e pequenos empresários têm potencial para serem subfornecedores
A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, veio a São Bernardo nesta semana para fazer palestra sobre os investimentos da Petrobras no pré-sal. Maria das Graças, em entrevista exclusiva ao ABCD MAIOR, disse que empresas da Região vão socorrer a Petrobras no atendimento das metas do pré-sal. A estatal vai investir no País até 2015 US$ 224,7 bilhões (cerca de R$ 357,2 bilhões). Do total, US$ 117,7 bilhões serão aportes em exploração e produção, sendo que cerca da metade, US$ 53,4 bilhões são destinados para o pré-sal – o objetivo é elevar a atual produção de 2% para 40% até 2020. Leia abaixo a entrevista.
ABCD MAIOR – Como funciona a cadeia do pré-sal desde a exploração até a comercialização?
MARIA DAS GRAÇAS FOSTER – A Petrobras é a quarta maior empresa de energia do mundo. Várias outras empresas fazem também o exploratório, mas a Petrobras é a maior. Depois da exploração, vem a avaliação desta produção e testes de longa duração são realizados para avaliar se o material extraído é potencialmente recuperável. Um dos campos é o Tupi, na Bacia de Santos. E assim que saírem da área da avaliação vão para produção e comercialização do gás e do petróleo. São volumes potencialmente recuperáveis. A previsão é de 30 anos de prosperidade desta atividade no pré-sal. Hoje, temos 15 bilhões de barris de petróleo como reserva e também temos o volume de 30 bilhões de barris de petróleo potencialmente recuperáveis.
ABCD MAIOR – Qual a importância de as empresas da Região fazerem parte do pré-sal?
MARIA DAS GRAÇAS – A Região é um grande cliente de consumo de energia. O consumo das empresas daqui justificaram muitos investimentos da Petrobras nos últimos quatro anos, como a estrutura de tubulações Gasan 2 e Gaspal 2 que ampliaram a quantidade de gás recebido. E há potenciais de grandes fornecedores de bens e serviços. O desafio da Petrobras é a capacidade do País em nos atender. Na Região, o setor metalmecânico, por exemplo, deve ser um grande fornecedor de peças e conhecimento e, com certeza, irá nos socorrer para atender as nossas metas de vendas. A Região está estrategicamente localizada por conta da proximidade com a Bacia de Santos.
ABCD MAIOR- Como é o consumo de gás natural da Região?
MARIA DAS GRAÇAS – A rede de gás natural no ABCD tem 542 quilômetros, sendo 339 em São Bernardo – a maior extensão da rede. Na Região, o consumo de gás em 2010 totalizou 1,6 milhão de metros cúbicos, mas a capacidade pode alcançar até 2,1 milhões de metros cúbicos em 2015.
ABCD MAIOR – Quais as áreas de inserção das empresas locais?
MARIA DAS GRAÇAS – Pelas regras da legislação, o índice de nacionalização dos equipamentos que temos que contratar varia entre 50% e 85%. As áreas são diversas, vão desde um campo do conhecimento com um projeto básico até uma grande indústria, por exemplo, do segmento de caldeiraria. Em todos os segmentos existem demanda, são dados reais e não hipóteses. Dividimos em três campos: equipamentos dinâmicos como bombas, compressores, equipamentos estáticos como chapa de aço e tubos e os equipamentos eletrostáticos.
ABCD MAIOR – O que o empresário interessado deve fazer para ser fornecedor da Petrobras?
MARIA DAS GRAÇAS – Todo empresário que quiser participar como fornecedor pode entrar em contato com a Petrobras, o site tem diversos contatos. A Petrobras faz uma série de exigências e é rigorosa. Na Região já temos alguns fornecedores diretos. E a tendência é que os subfornecedores das empresas que já prestam ou irão prestar serviços e equipamentos à Petrobras ampliem a distribuição. Por isso, haverá campo para todos aqueles que se interessarem, desde os micros aos grandes empresários.
ABCD MAIOR – Como qualificar a mão-de-obra para a Petrobras?
MARIA DAS GRAÇAS – Serão 212.638 postos de trabalho que irão abrir para o pré-sal diretamente. E essa mão-de-obra precisa de especialização, já que esta área exige um conhecimento profundo. Uma forma de obter esse conhecimento é através do Prominp. (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural) que capacita trabalhadores para esta área. Aqui no ABCD acredito que não houve ainda nenhum curso deste programa. E para ter acesso é necessário entrar em contato direto com o Prominp para ser avaliada a possibilidade de cursos aqui.
ABCD MAIOR – Como as universidades da Região podem ser inseridas nas áreas de inovação da Petrobras?
MARIA DAS GRAÇAS – Nós temos redes temáticas nas universidades que auxiliam nos projetos de inovação. Um grupo com diversas universidades pelo País desenvolve estudos em áreas como refino, geoquímica, geofísica, petróleo e turbinas. E elas são acessadas através do site e do centro de pesquisa da Petrobras. Com certeza haverá interesse da Região em se inserir, já que o ABCD possui diversas universidades e não tenho o conhecimento de nenhuma da Região que faça parte desta rede.
ABCD MAIOR – Como será a proteção da Petrobras em relação aos produtos importados chineses?
MARIA DAS GRAÇAS – Nós apoiamos a política industrial do governo federal que prevê que tudo que pode ser feito no Brasil será feito no Brasil, e nós cumprimos essa exigência, por isso, precisamos contar com o apoio. Temos porcentagens no contrato de compromisso, que prevê o número exato que precisamos de fornecedores locais, e este número varia de um campo de exploração a outro. Os chineses serão bem vindos ao Brasil para investir. Se eles chegarem aqui, construírem, produzirem, gerarem renda e emprego serão considerados fornecedores locais, caso contrário, não.
ABCD MAIOR – E se não houver o desejo das empresas locais serem fornecedoras e prestadoras de serviço.
MARIA DAS GRAÇAS – Nós precisamos cumprir as metas do contrato de compromisso, mas se não houver jeito, teremos que contratar empresas de fora. Por isso, faço o pedido para que a Região esteja conosco nesse projeto, o momento é agora, é já! As metas do projeto de 2015 e 2020 precisam ser cumpridas e para isso precisamos agilizar ao máximo todos os itens do projeto.
Do ABCD Maior