Petrobrás fechará 38 empresas no exterior até 2015

Para concentrar os investimentos no pré-sal, estatal quer enxugar operação internacional, que conta com 120 unidades em 17 países

Sob comando direto da presidente Graça Foster, a Petrobrás tem reduzido sua atuação na área internacional e fechado representações no exterior. Em Portugal, Austrália, Irã, Nova Zelândia, Turquia e Líbia as atividades estão sendo encerradas. Todas as seis representações da companhia na África passarão ao guarda-chuva de uma joint venture criada junto com o BTG, deixando o balanço da estatal mais leve.

Quando Graça assumiu em 2012, a Petrobrás tinha operação em 23 países. Hoje, o portfólio foi reduzido para 17. Deve enxugar ainda mais quando forem incluídas as seis unidades africanas que sairão do balanço da companhia: Nigéria, Angola, Gabão, Benin, Namíbia e Tanzânia. Ainda há atividades operacionais na Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai, Colômbia, Peru, Venezuela, México, Estados Unidos e Japão.

“Fizemos muitas aquisições na área internacional antes do pré-sal, quando o planejamento estratégico era crescer no exterior. E quando se faz aquisição, traz-se junto algumas empresas que, isoladamente, não se compraria” , disse Graça, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

Graça cita como exemplo a aquisição da argentina Perez Companc, em 2002, por US$ 1 bilhão, que trouxe à companhia um pacote de exploração em três países (Peru, Equador e Venezuela), além de hidrelétricas que não seriam compradas isoladamente. “Entraram várias empresas que a gente certamente não compraria, empresas de geração de energia elétrica, hidrelétricas enormes, de 600 megawatts.”

Além dos 17 países em que ainda tem representação operacional, a Petrobrás também detém empresas em uma dezena de países sem atividades operacionais desde 2012 ou que desempenham outros papéis para o sistema. Entre eles, há alguns paraísos fiscais: Bahamas, Curaçau, Equador, Espanha, Holanda, Ilhas Cayman, Ilhas Virgens, Inglaterra, Trinidad e Tobago.

Parte é necessária, por exemplo, para operações de compra e venda de petróleo no mercado internacional. Outras, no entanto, são uma incógnita e seus balanços financeiros não podem ser acessados.

A Petrobrás alega que, por terem sede no exterior, essas empresas não respondem às leis de informações brasileiras. É o caso da Petrobrás Américas, a unidade americana, ou a PRSI, da Refinaria de Pasadena.

Hoje, ainda existem 120 empresas sob gestão da área internacional, contando a holding controlada Petrobrás International Braspetro B.V. (PIB BV) que formará uma joint venture (50% cada) com o banco BTG, do banqueiro André Esteves, para exploração e produção de óleo e gás na África.

A estatal continuará no continente por meio da joint venture. O negócio, de US$ 1,5 bilhão, foi anunciado em junho deste ano e ainda está em curso. “Aí junta-se tudo, elas saem (do balanço) e fecham”, disse Graça.

Pré-sal

A Petrobrás vem diminuindo gradativamente sua atuação internacional desde que descobriu o pré-sal. Além de investir menos, a companhia tem vendido ativos no exterior para concentrar esforços no Brasil.

No ano passado, o plano quinquenal da estatal previa desinvestimentos de US$ 14,8 bilhões, incluindo algumas operações financeiras. Neste ano, o plano de negócios 2013-2017 prevê vendas de US$ 9,9 bilhões.

Até outubro, foram vendidos US$ 4,3 bilhões em ativos, a maioria no exterior, segundo informou em evento no mês passado a coordenadora de relacionamento externo da área de Exploração e Produção corporativo da Petrobrás, Rafaela Monteiro.

Em abril, a companhia vendeu uma participação de 20% em seis blocos no Golfo do México, nos Estados Unidos, recebendo US$ 110 milhões, mais participação em um outro bloco no País.

Em maio, foi vendida a participação de 12% em um bloco na Tanzânia para a Statoil, com volume não divulgado.

A venda de 100% das ações da Petrobrás Colômbia para a Perenco rendeu US$ 380 milhões à estatal brasileira em setembro passado, incluindo participações em 11 blocos e oleodutos.

Em outubro, foi vendida participação de dois blocos no Uruguai à Shell por US$ 17 milhões.

Do Estadão