Petroleiros alertam para preços ainda mais abusivos com privatização de refinaria

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) e o Sindicato dos Petroleiros da Bahia entraram com ação na Justiça Federal para pedir a paralisação do processo de privatização da antiga Rlam (Refinaria Landulpho Alves), atual Refinaria Mataripe.

Foto: Divulgação

Os petroleiros alertam que, apenas três meses após a privatização, a Bahia tem hoje a gasolina mais cara do Brasil.

O governo Bolsonaro vendeu a Rlam no ano passado à Acelen, controlada pelo fundo árabe Mubadala. Os petroleiros denunciam que o processo de privatização resultou em um monopólio regional, com reajustes abusivos. Só neste ano, foram cinco aumentos nos preços dos combustíveis.

De acordo com os petroleiros, a Mataripe vende gasolina 6,4% mais cara do que a da Petrobras. Já o óleo diesel S-10 custa 2,66% a mais. Essa diferença diminuiu após o mega aumento praticado pela estatal no dia 11. Antes os preços praticados pela Mataripe eram até 28,2% mais caros.

Levantamento da ANP (Agência Nacional de Petróleo) confirma que a Bahia tem a gasolina e o diesel mais caros do país, até 7,569 e R$ 8,770 o litro, respectivamente.

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, disse que os petroleiros sempre alertaram que a privatização das refinarias levaria à nefasta criação de monopólios regionais, em prejuízo ao consumidor brasileiro.

“A tese, infelizmente, está sendo confirmada na prática, afetando profundamente a economia baiana”, afirmou.

Impactos

Na ação, os petroleiros pedem a realização de audiência pública na Bahia para debater o impacto da privatização da Rlam para a economia local. E que o processo de venda seja paralisado até a apresentação de estudo sobre os seus impactos. Além disso, reivindicam que sejam apresentadas políticas públicas para minimizar impactos negativos já ocorridos neste processo.

Ainda no ano passado, o Sindipetro-BA entrou com outra ação pela anulação da venda da Rlam.

“A Acelen, cinicamente, justifica os aumentos com impactos da guerra na Ucrânia, que levaram à disparada do preço internacional do barril de petróleo. Mas a culpa não é da guerra. É da política de preços atrelada ao dólar e aos abusos do monopólio praticado pela Acelen”, explicou Bacelar.

Luta

Os Metalúrgicos do ABC apoiam a luta dos petroleiros por direitos, empregos, soberania e contra as privatizações. No início do ano passado, o atual presidente, Moisés Selerges, e o diretor executivo, Aroaldo Oliveira da Silva, além do presidente da CUT, Sérgio Nobre, participaram do ato dos petroleiros na Bahia contra a venda da Rlam e reforçaram que a luta é de todos os brasileiros e brasileiras.