Petroleiros aprovam estado de greve contra a privatização da Petrobras

(Foto: Divulgação)

Mais de 90% dos trabalhadores aprova­ram o estado de greve em 13 assem­bleias realizadas pela Federação Única dos Petroleiros, a FUP, contra a privatização da Petrobras.

“O golpe de estado ataca a soberania nacio­nal e os direitos da classe trabalhadora. Vamos discutir os rumos da empresa e combater a pri­vatização”, afirmou o coordenador da FUP, José Maria Rangel.

O Conselho Deliberativo da FUP definirá um calendário de ações e estratégias de luta para bar­rar o desmonte que já está em curso na empresa.

“O momento é crítico e exige de cada petroleiro e petroleira o compromisso e a determinação de defender a Petrobras e suas subsidiárias, en­quanto ainda temos um patrimônio para zelar”, destacou a Federação.

De acordo com a FUP, a Petrobras fechou 2016 com 9,672 bilhões de barris de óleo, uma queda de 8% em relação ao ano anterior, praticamente a mesma reserva que tinha há 15 anos, quando atingiu 9,3 bilhões de barris.

Na época, em 2001, o presidente da compa­nhia, Pedro Parente, comandava o Conselho de Administração da empresa. “Os investimentos em exploração e produção de petróleo e gás so­freram cortes drásticos, fazendo com que a área mais estratégica da companhia fosse anos a fio sucateada”, disse a FUP.

“A recuperação se deu nos governos Lula e Dil­ma, que multiplicaram por mais de dez vezes os investimentos, fazendo com que a Petrobras aumentasse em 70% as suas reservas e se tornasse capaz de descobrir o Pré-Sal”, prosseguiu.

Em janeiro, na licitação da operação do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro, o Comperj, a Petrobras chamou apenas empresas estrangeiras para participar, sendo que das 30 companhias, nove não têm nem escritório no Brasil.

“O corte nos investimentos e a liquidação de ativos promovida pela gestão Pedro Parente fa­zem a estatal retroceder a passos lagos, levando junto a economia do País e as principais conquis­tas das últimas décadas”, ressaltou. “O próprio mercado já admite que a receita aplicada está comprometendo a empresa”, continuou.

A Federação destacou ainda que a Petrobras tem o Pré-Sal ao seu favor com recordes de produção e imensos campos de petróleo ainda a serem explorados.

“Os gestores, no entanto, jogam contra a em­presa, privilegiando os banqueiros, com juros e amortizações da dívida, e entregando às multina­cionais campos de petróleo promissores”, alertou.

“Enquanto isso, todas as seis sondas de perfuração da estatal estão hibernadas, os tra­balhadores sem emprego, a economia do País em frangalhos e as agências de risco seguem negando o selo de ‘bom pagador’ à Petrobras, ameaçando rebaixar ainda mais a sua nota de avaliação”, concluiu.

O petróleo é nosso

A Petrobras foi criada em 1953, no governo de Getúlio Vargas, após intensa campanha que mo­bilizou trabalhadores, estudantes e políticos em torno do lema “O Petróleo É Nosso”. Prevaleceu a percepção de que criar uma em­presa brasileira para explorar o nosso petróleo era estratégico para a nossa soberania.

Entregar o controle a empresas estrangeiras seria condenar o Brasil a ser apenas fornecedor de maté­ria-prima, recomprando óleo leve e gás natural das multinacionais.

A Petrobras cresceu, trans­formou-se na maior empresa brasileira, e passou a investir na exploração oceânica, em grandes profundidades. A descoberta do Pré-Sal brasileiro tornou o País detentor da 3ª maior reserva de óleo e gás do planeta.

O Pré-Sal já responde por 40% da produção nacional de petróleo, e esta parcela continua crescendo. Lei sancionada em 2013 destina os recursos do Pré-Sal para a Saúde e a Educação, mas com o conge­lamento dos investimentos por 20 anos, aprovado no governo Temer, a medida está ameaçada.

O atual governo quer enfra­quecer a Petrobras, abrindo a exploração do Pré-Sal a empresas estrangeiras. Não vamos permitir isso!

Material da CUT da Campanha Nacional de Valorização da Petro­bras/Pré-Sal

Da Redação