PIB do Brasil cresce 7,5% em 2010, o maior desde 1986, aponta IBGE
Investimentos disparam 21,8% para dar conta do consumo das famílias
O Brasil virou a página da crise financeira mundial com crescimento de 7,5% em 2010. Embalado pelo setor de serviços e pela recuperação da indústria, o Produto Interno Bruto (PIB) ficou longe da estagnação de 2009 e recuperou o ritmo perdido em setembro de 2008, quando o estouro da bolha imobiliária americana secou fontes de crédito e derrubou o consumo mundial por matérias-primas e produtos finais. A taxa é a maior dos últimos 25 anos – superando ligeiramente a do Plano Cruzado, em 1986, quando o PIB avançara 7,49%.
Os investimentos dispararam 21,8%, enquanto o consumo das famílias avançou 7% e os gastos do governo, 3,3%. Para dar conta da demanda aquecida, a indústria cresceu 10,1%, os serviços, responsáveis por mais de 60% do PIB, atingiram taxa de 5,4%. A agropecuária, por sua vez, avançou 6,5%. Com tamanho desempenho, a soma das riquezas produzidas no País chegou a R$ 3,6 trilhões no ano passado.
“Este resultado do PIB reflete o tamanho da demanda. É o 29º trimestre consecutivo de aumento no consumo das famílias”, observa Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No quarto trimestre, o PIB cresceu 0,7% em relação ao terceiro. Em comparação ao mesmo período do ano passado, o avanço é de 5%. O IBGE divulga nesta manhã as Contas Nacionais Trimestrais do período de outubro a dezembro de 2010.
Especialistas projetavam um crescimento da ordem de 7% no ano passado, podendo chegar a 7,5% segundo as projeções mais otimistas. As medidas do governo de estímulo ao consumo de bens duráveis e automóveis, aliadas ao aumento do salário mínimo e do emprego, levaram ao ritmo chinês que mostra o PIB. Tamanho aquecimento culminou em pressões inflacionárias que levaram o governo a aumentar os juros e a promover cortes no orçamento.
O PIB é cálculado sob duas óticas: da oferta e da demanda. Pelo lado de quem compra, o PIB é formado pelo consumo das famílias, por gastos do governo e pelos investimentos das empresas, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo. Nesta conta acrescenta-se as exportações e as importações são descontadas. A compra de bens e serviços no exterior, portanto, pesa negativamente no cálculo do PIB. Já pela ótica de quem vende, o PIB é composto pelos setores da indústria, agropecuária e de serviços.
Com iG Economia, Folha Online e Valor Econômico