Plano Brasil Soberano garante crédito de R$ 30 bilhões com proteção ao emprego
Sindicato participa do anúncio em Brasília e reforça compromisso com a manutenção de postos de trabalho e da indústria nacional.

O governo federal lançou ontem, em Brasília, o Plano Brasil Soberano, um pacote de medidas emergenciais para enfrentar o tarifaço de até 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O conjunto de ações une defesa do setor produtivo, proteção aos trabalhadores e diplomacia comercial, com o objetivo de preservar empregos e fortalecer a economia nacional diante de uma ofensiva que ameaça exportações e cadeias produtivas estratégicas.
O presidente dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, acompanhou o anúncio no Palácio do Planalto e destacou o ponto mais importante: nenhuma empresa que receber crédito poderá demitir. “O governo vai liberar mais de R$ 30 bilhões em crédito voltados principalmente para pequenas empresas e setores mais afetados. A contrapartida é fundamental para manter os empregos. É uma medida acertada diante da injustiça das tarifas impostas pelos EUA. Soberania não se negocia”, afirmou.
O pacote prevê linhas de financiamento com juros reduzidos, ampliação do crédito para exportações, prorrogação de prazos e suspensão temporária de tributos. Também autoriza a compra governamental de produtos que seriam exportados, como frutas e peixes, para uso em merendas escolares e outros programas de alimentação.
Desde 14 de julho, o Comitê Interministerial de Negociações e Contramedidas Econômicas e Comerciais, coordenado pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, realizou 39 reuniões com cerca de 400 representantes de empresas, federações, governadores e setores como manufatura, agro, tecnologia, saúde, alimentação e calçadista — incluindo empresas norte-americanas.
Eixos de ação
Dentre as medidas, destacam-se o fortalecimento do setor produtivo, com R$ 30 bilhões em crédito a juros baixos e exigência de manutenção de empregos, além da flexibilização para redirecionar exportações a outros mercados; a proteção ao trabalhador, por meio da criação da Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego, que irá monitorar vagas, fiscalizar acordos e propor ações para preservar postos; e a diplomacia comercial, com a ampliação de mercados e a redução da dependência dos EUA, incluindo acordos já fechados com União Europeia e EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), negociações em curso com Emirados Árabes e Canadá, além de conversas com com Índia e Vietnã.
Segundo o presidente Lula, o governo federal buscará diálogo com Washington, mas não descarta medidas mais duras. “Nós não queremos, num primeiro momento, fazer nada que justifique piorar a nossa relação. Estamos procurando parceiros. Já falei com Índia, China, Rússia, e vou falar com África do Sul, França e Alemanha. E, junto aos Brics, vamos discutir como melhorar a relação entre os países afetados”.
Ao finalizar o discurso, Lula reiterou que o Brasil continuará fortalecendo sua economia e expandindo mercados, tanto para exportação quanto para o consumo próprio. “Temos um mercado interno poderoso e precisamos explorar todo o nosso potencial. Se outros não quiserem comprar, venderemos aqui dentro. Não merecíamos essa situação, mas vamos transformar essa crise em oportunidade”, afirmou.