Plano de volta do carro popular avança; fábricas manifestam ceticismo
Ícone da indústria automobilística nos anos 1990 e 2000, o carro popular voltou à pauta do governo com a crise de vendas no setor. O assunto foi levado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio pela associação dos revendedores de veículos, mas não é consenso entre montadoras. Hoje, os dois modelos mais baratos do mercado, o Fiat Mobi e o Renault Kwid, custam R$ 69 mil.
O governo pensa em preços em torno de R$ 45 mil a R$ 50 mil para um carro pequeno, simples e sem alguns itens tecnológicos. Fabricantes pedem crédito mais acessível ao consumidor. Especialistas apontam entraves como tributos e a complexidade de alteração de modelos. O retorno ao mercado brasileiro do chamado carro popular entrou na agenda do governo e, nas últimas semanas, tem sido citado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para algumas montadoras e concessionários, o tema é visto com certa urgência em um momento de queda de vendas, fábricas suspendendo a produção e sindicatos de trabalhadores temendo demissões. Especialistas, porém, dizem que a medida é inviável em razão da carga de impostos e da complexidade de mudança nas linhas de produção.
O consultor da S&P Global Brasil, Fernando Trujillo, avalia que o valor até R$ 50 mil “só seria viável se o governo cortasse imposto”, o que, na atual situação fiscal do País, dificilmente deve ocorrer. Entre propostas em discussão está a retirada de alguns itens de segurança ou tecnológicos – medida que ele também acredita ser de difícil aceitação, por causa das normas de segurança e de emissão em vigor.
Do O Estado De São Paulo