Plebiscito sobre Reforma Política enfrenta resistência do conservadorismo
Artur mostra as urnas usadas durante o Plebiscito Popular. Abaixo, a página do Facebook do movimento denuncia censura nas escolas estaduais
O Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político do Brasil, realizado de 1º a 7 de setembro, enfrentou resistência em fábricas e escolas do ABC.
Segundo o coordenador do Comitê Operativo Municipal de São Bernardo, Artur Paes Aranão, diversas escolas estaduais receberam comunicado do governo de São Paulo proibindo a entrada de urnas e de qualquer material sobre a Reforma Política. Em duas delas, as urnas ficaram retidas.
“A atitude do Alckmin é uma posição contrária à participação social”, denunciou. “A circular que ele soltou nas escolas da rede e que culminou nessa ação truculenta por parte das direções das instituições de ensino faz lembrar o período do regime ditatorial”, prosseguiu Artur. Para o coordenador, o boicote ao Plebiscito popular não cabe em um regime democrático. “Até porque se trata de uma consulta popular, um espaço para as pessoas se manifestarem e debaterem o tema da Reforma Política, podendo inclusive ser contrárias”, defendeu.
Nas fábricas da base o movimento também encontrou resistência e em várias delas os organizadores não puderam falar com os trabalhadores sobre a votação popular.
“Enfrentamos dificuldades. Algumas empresas só deixaram a gente entrar depois de muita negociação, outras não deixaram de jeito nenhum e percebemos que o tema da Reforma Política vai contra os próprios interesses das empresas”, constatou o coordenador da Comissão da Juventude Metalúrgica do ABC e CSE na Mercedes, Alessandro Guimarães.
“Foi um aprendizado. Percebemos o que realmente está em jogo”, concluiu o dirigente.
Debate sobre Reforma Política foi proibido nas escolas estaduais paulistas
Em Ribeirão Pires, Fernando Souza de Melo, o Chuck, integrante da Comissão da Juventude Metalúrgica do ABC e trabalhador na Mercedes, se disse indignado com a posição das escolas estaduais na cidade em relação ao Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político do Brasil.
“Quando chegamos, a diretora mostrou o comunicado da Secretaria de Educação que proibia a distribuição de qualquer material referente ao Plebiscito ou instalação de urnas dentro das escolas”, afirmou.
Segundo Chuck, alguns professores relataram que recebiam orientação das coordenações das escolas para que o assunto não fosse sequer debatido em sala de aula.
“Está claro que o governo do Estado de São Paulo não quer que os estudantes tenham conhecimento para criar um senso crítico”, condenou.
“Essa medida impossibilitou o diálogo sobre a Reforma Política, impedindo o direito à informação dos alunos da rede estadual de ensino”, concluiu o metalúrgico.
Da Redação