Pódio para trabalhador com deficiência é conquistar e manter o emprego

Assim como o atleta nas Paralimpíadas em busca de medalhas, profissional no mercado se trabalho se esforça muito para conseguir e se manter na vaga

Foto: Divulgação

Com o início das Paralimpíadas em Tóquio, nesta semana, o mundo volta as atenções para o esforço e a dedicação dos atletas com deficiência que buscam alcançar os melhores resultados em suas modalidades, sempre com foco na conquista de medalhas. Guardadas as devidas proporções, no mercado de trabalho, a busca por uma vaga de emprego também requer muito empenho por parte da PCD (Pessoa com Deficiência).

O coordenador da Comissão de Metalúrgicos do ABC com Deficiência, Sebastião Ismael de Sousa, o Cabelo, considera que esse trabalhador pode ser comparado a um atleta e destaca qual seria o pódio para a PCD.

“A medalha de ouro para o trabalhador com deficiência é conseguir um emprego. Quando consegue um posto de trabalho, faz de tudo para mostrar que é capaz, então já é um atleta. Se não mostrar que tem condições de competir com as outras pessoas, com certeza perde a vaga”, declarou.

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Quem ganha é a empresa

Cabelo destacou ainda que a empresa também tem muito a ganhar quando contrata um PCD, porém lembrou que é preciso estar atento e cobrar para que elas cumpram a lei de cotas. 

“Quando são contratados e a empresa dá as condições para exercer a função, eles são muito produtivos. A empresa também ganha quando emprega uma pessoa com deficiência, porque esse trabalhador vai ser muito dedicado. Mas se a gente não ficar no pé para que cumpram a lei de cotas, elas não contratam”.

Mercado de trabalho e pandemia

De acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o número de demissões de PCDs e reabilitados no Brasil atualmente é maior que o número de contratações. De dezembro de 2020 a abril deste ano, foi registrado mensalmente um saldo negativo de admissões.

Os dados ainda apontam que o saldo para contratações de PCDs é negativo na maioria das atividades econômicas, em todos os tipos de deficiência e nos diferentes graus de instrução.

Em dezembro do ano passado teve fim a validade da Lei 14.020, de julho de 2020, que vetava a demissão de PCD sem justa causa. A lei deixou de ser aplicada a partir de 2021 por estar submetida ao Decreto Legislativo nº 6, que reconhecia estado de calamidade pública no país.

O coordenador da Comissão lembrou que essa parcela da população é a que mais sofre em situações de instabilidade. “Num momento de crise, independente de pandemia, o primeiro da lista a ser cortado é o trabalhador com deficiência. Quando cai a produção, o patrão não tem um pingo de sensibilidade na hora de demitir”.

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Paralimpíadas

Desde Pequim 2008, o Brasil se mantém no top 10 no quadro de medalhas final e, na Rio 2016, bateu seu recorde, com 72 medalhas. A meta no Japão é também conquistar o 100º ouro da história da participação da equipe brasileira.

Raio-X da delegação brasileira

Tipo de deficiência: 72,9% tem deficiência física, 23,2% deficiência visual e 3,9% deficiência intelectual

Sexo: Dos 229 convocados, 136 são homens e 93 mulheres.

Jovens: Serão 39 participantes abaixo de 23 anos na competição. O mais novo é o nadador João Pedro Brutos, de Uberlândia (MG), com 17 anos.

Mais experiente: A lançadora Beth Gomes é a atleta mais experiente da delegação, com 56 anos

Estreantes: 86 atletas são estreantes em Jogos Paralímpicos.

Medalhas: A equipe brasileira contará com a presença de 69 atletas que já conquistaram ao menos uma medalha em Jogos Paralímpicos.

Fonte: Levantamento do departamento de Ciências do Esporte do Comitê Paralímpico Brasileiro