Poema pedagógico
No começo dos anos 80, quem costumava ir às assembléias dos metalúrgicos no Estádio de Vila Euclides, hoje 1º de Maio, percebia a grande participação de familares de metalúrgicos.
Era comum a presença de pais com filhos pequenos nos ombros, olhando de camarote toda a agitação no meio do público que chegava aos milhares. Toda a nação brasileira depositava nestas assembléias dos metalúrgicos a esperança de derrotar o regime militar e redemocratizar o País.
Gerações e gerações se passaram, direções se sucederam no Sindicato e aqueles meninos cresceram. Muitos podem pensar em perguntar para os seus pais sobre o que fizeram para garantir o futuro das novas gerações, quando o País se afundava em autoritarismo sobre a cultura, repressão aos trabalhadores e corrupção absoluta escondida por detrás da gloriosa farda verde-oliva do nosso Exército.
Uma resposta acalentadora poderá surgir: lutamos, choramos e vencemos com o ânimo mais profundo de nossos corações. Aqueles meninos, hoje adultos, podem dizer que estiveram sobre os ombros de gigantes.
No livro Poema Pedagógico, o ucraniano Anton Semionovitch Makarenko, pedagogo no início do governo revolucionário-socialista da antiga União Soviética, coloca em prática um ensino privilegiando a vida no coletivo, a participação da criança na organização e gestão da escola, o trabalho coletivo e a disciplina consciente.
A leitura do livro traz a lembrança daqueles meninos. Sobre os ombros de gigantes, seus pais grevistas tiveram o privilégio de assistir as aulas de suas vidas, com os melhores professores de sua época: os líderes sindicais com suas mensagens arrebatadoras, que chamavam a atenção dos trabalhadores para o verdadeiro significado daquelas lutas. Elas iam para além da luta por salários. Iam ao encontro à arriscada, porém libertadora, busca de si próprios.
Feliz 2007!
Departamento de Formação