Política de Desenvolvimento Produtivo dará prioridade à competitividade industrial, diz BNDES

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, defendeu hoje (23) que a segunda fase da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) dê um enfoque especial à competitividade da indústria manufatureira brasileira. Segundo ele, é preciso recuperar a presença do setor no cenário internacional. Coutinho destacou que há um “trabalho forte” do governo para que a nova fase da política seja anunciada em abril.

“Precisamos, na nova política, habilitar e trabalhar para melhorar a competitividade da indústria manufatureira brasileira, de tal maneira a recuperar a presença dela no cenário internacional, recuperando a exportação de manufaturados e evitando a perda de valor agregado dentro do Brasil”, disse o presidente do BNDES.

Ele enfatizou que houve, desde 2006, uma reversão do saldo da balança comercial da indústria de transformação de quase R$ 40 bilhões. De acordo com Coutinho, parte desse movimento está relacionada à perda de capacidade competitiva da manufatura brasileira “diante de pressões muito acirradas no comércio internacional, onde há ociosidade no mundo e onde outros competidores têm, de maneira às vezes desleal, feito ações muito agressivas de comércio”.

“Em algumas poucas cadeias estamos detectando uma importação muito forte de componentes, de tal maneira que temos um esvaziamento por dentro. Temos que enfrentar isso”, acrescentou.

Coutinho também destacou que o setor privado pediu ao banco que haja sintonia, por parte do governo, no tratamento de cada uma das cadeias produtivas que deverão ser abrangidas na nova fase da Política de Desenvolvimento Produtivo. 

“Isso está nos levando a um trabalho intenso de diálogo com as cadeias produtivas, liderado pelo Ministério da Indústria, Desenvolvimento, e Comércio Exterior”, disse. 

De acordo com Coutinho, entre os principais desafios da nova fase da PDP está a escassez de mão de obra qualificada nos diversos níveis no país. Segundo ele, para garantir ganhos de produtividade e de eficiência na cadeia produtiva nacional é preciso haver um “grande esforço de preparação e qualificação de trabalhadores não só no nível superior, mas também nos níveis médio e básico”.

O presidente do BNDES disse que o governo espera iniciar, juntamente com o lançamento da segunda etapa da PDP, a operação do Eximbank brasileiro, que é uma estrutura administrativa com o objetivo de financiar e incentivar as exportações do país. Coutinho afirmou que o organismo funcionará como um “elemento de reforço à competitividade”. 

O executivo do BNDES também confirmou que o banco vai receber um novo aporte financeiro por conta da prorrogação do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), mas não quis falar sobre os valores envolvidos, embora já estejam definidos, segundo ele. Coutinho informou apenas que o anúncio será feito pelo Ministério da Fazenda. 

O PSI foi lançado em julho de 2009 para financiar, a longo prazo e com taxas de juros reduzidas, diversas áreas da indústria, principalmente máquinas e equipamentos. Inicialmente, a previsão era que o plano fosse encerrado em março deste ano.

Da Agência Brasil