Política de preço do governo gera novo aumento nos combustíveis

Bolsonaro mente dizendo que não tem responsabilidade sobre a alta e manobra para privatizar a Petrobras

A partir de hoje os preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras ficam mais caros. A notícia foi antecipada no domingo por Bolsonaro que diz não ter culpa nenhuma pelos sucessivos aumentos. O governo tenta jogar a responsabilidade para os governadores, alegando que o grande vilão é o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço), enquanto manobra para privatizar a Petrobras.

O preço da gasolina, que em muitos locais do Brasil já passa de R$ 7 o litro, sofrerá alta de 7,04%. Esse é o segundo reajuste no preço do combustível este mês. No último dia 9, a gasolina já havia subido 7,2%. Já o litro do diesel terá alta de 9,15%.  A última alta do combustível foi em 28 do mês passado, de 8,89%.

O coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar, desmente o presidente e lembra que a Federação tem criticado a atual política de preços da Petrobras desde outubro de 2016, quando ela foi implementada por Michel Temer com Pedro Parente à frente da estatal.

“Com a política do PPI (Preço de Paridade de Importação), que atrela nossos combustíveis ao preço do barril do petróleo no mercado internacional, ao dólar e aos custos de importação, alertamos que ia levar a aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis. O preço do barril do petróleo já chegou no Brasil a mais de 120 dólares”.

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Culpa do ICMS?

O dirigente explicou que o valor do ICMS nada tem a ver com a alta dos combustíveis, pelo contrário, e desmentiu mais uma fake news contada por Bolsonaro.

“O ICMS está congelado praticamente na maioria dos estados há mais de 10 anos. Como o ICMS que não aumenta iria impactar no aumento do preço dos combustíveis? A verdade é justamente o contrário, a base de cálculo para o ICMS é o preço dos combustíveis que saem das refinarias, que hoje infelizmente estão nas mãos dessa gestão bolsonarista para favorecer um grupo minoritário de acionistas e prejudicar a população”. 

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“É bom lembrar que nos governos do PT não era essa a política de preços, ela observava principalmente custos internos de extração de petróleo e de produção e comercialização dos derivados aqui no Brasil, não atrelava ao preço de paridade de importação”, completou.

Privatização

Para o dirigente, o governo federal, acionista controlador da empresa, utiliza essa política para tentar convencer a população de que a privatização é o melhor caminho.

“O governo federal se utiliza dessa imagem negativa perante à população, de que a culpa não é do governo, para afirmar que a questão só será resolvida com a privatização da estatal”.

Deyvid lembrou ainda que há uma grande pressão dos investidores da empresa para terem maiores lucros, e que neste ano já foram pagos quase R$ 42 bilhões em dividendos para os acionistas.

Mobilização

O dirigente afirmou que a FUP apoia toda manifestação contra o PPI e que a Federação está iniciando um processo de mobilização nas bases para, em novembro, realizar assembleias e aprovar greve, caso o governo federal coloque algum projeto de privatização da Petrobras no Congresso Nacional.