Política industrial com emprego e salário de qualidade
O Sindicato começou a preparar sua participação no projeto de política industrial iniciado pelo governo Lula. Em seminário na última segunda-feira, a diretoria começou a definir os mecanismos de atuação e as áreas que promovem a ligação do ABC com as propostas federais, sempre buscando empregos e salários de qualidade.
O Sindicato formou um grupo de trabalho liderado pelo secretário-geral Rafael Marques e o diretor-executivo Paulo Dias para definir diretrizes da intervenção dos metalúrgicos do ABC no projeto de política industrial iniciado pelo governo Lula neste ano.
Os principais objetivos serão escolher os mecanismos de atuação e as áreas que promovam a ligação do ABC com as propostas federais, sempre buscando incentivar emprego e salários de qualidade através da inovação tecnológica e qualidade da produção.
A decisão foi tomada após seminário da diretoria do Sindicato realizado durante toda a segunda-feira com o diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Mário Salerno, e o secretário de Desenvolvimento e Ação Regional da Prefeitura de Santo André, Luís Paulo Bresciani.
Mãos à obra – “O encontro foi extremamente positivo pois mostrou que existe um grande campo para nossa intervenção”, comentou ontem Rafael. “Vamos iniciar logo os debates para fortalecer ainda mais a cadeia produtiva no ABC”, prosseguiu.
Ele lembrou que a região conta hoje com 225 mil trabalhadores na indústria apesar de perder vagas durante os oito anos de governo FHC, a ponto de chegar a só 160 mil companheiros empregados em 2000.
“A recuperação deve-se ao crescimento econômico registrado no governo Lula combinada com as negociações que o Sindicato fez com empresas como a Mercedes, a Ford, a Toyota e até a Volks, onde encontramos saídas com a diversificação de produtos”, afirmou Rafael.
O secretário disse que a palestra de Salerno serviu de alerta para a diretoria estar atenta e preparada. “Felizmente no governo Lula temos acesso a essas informações. Agora, é só definir como usá-las”, completou Rafael.
Futuro – O diretor da ABDI elogiou a diretoria por realizar o seminário e acrescentou que essa preocupação é muito maior aqui que na maioria dos demais sindicatos. “As discussões de fundo, que trarão resultados em 5 ou 10 anos, devem se juntar às lutas do dia-a-dia dos trabalhadores”, destacou Salerno. “Infelizmente, as pessoas são imediatistas e não têm a mesma visão de futuro que os metalúrgicos do ABC”, concluiu.
Inovação é boa para o trabalhador
Mário Salerno conta que o País nunca teve política industrial. No início da industrialização, entre as décadas de 50 e 60, o governo dizia apenas onde as fábricas deviam se instalar. A abertura indiscriminada promovida por Collor acabou até com essa pequena intervenção. FHC piorou pois seguia o ministro Pedro Malan, para quem a melhor política industrial é não ter política industrial. O resultado foi desastroso.
O governo Lula decidiu mudar essa situação e, em 2003, elaborou o documento Diretrizes da Política Industrial. A ABDI foi instituída em dezembro de 2004 para articular essas mudanças. “Nosso objetivo é aumentar a competitividade da economia do País, que não se sustenta sem a indústria. O setor puxa os demais”, afirma Mario Salerno.
Para o bem – No final de 2005, o governo federal sancionou a chamada Lei do Bem, que estabelece um conjunto de incentivos fiscais e de financiamento para apoiar a inovação e a diferenciação de produtos na indústria brasileira. “Ou o País parte para o caminho de incentivar produtos com maior valor agregado ou continuamos presos a produção de baixo valor”, diz o diretor da ABDI.
As vantagens para o trabalhadores são grandes. Nas empresas que inovaram, o salário médio é de R$ 1.300,00 contra R$ 450,00 nas demais. Nelas, os companheiros ficam 54 meses no