Políticas sociais de inclusão estão ameaçadas

Em menos de 20 dias, o governo interino promoveu grandes retrocessos e vem tentando enterrar avanços sociais conquistados nos últimos 12 anos. A extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos, e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e vinculação deles ao Ministério da Justiça e Cidadania representa um verdadeiro golpe contra mulheres, negros, juventude, pessoas com defi­ciência e movimentos sociais.

 “No período de governo popular tivemos grandes avanços na pauta do movimento n egro, foi quando conseguimos ter abertura para dia­logar. Conquistamos a possibilidade de disputar com igualdade os bancos escolares com a elite branca. A criação da Seppir foi muito importante, e agora ela deixa de ser independente, o que inibe automaticamente as posições do movimento. É um recado que a direita está nos dando. Abriram uma cova e colocaram os avanços que nós tivemos”.

Coordenador da Comissão Igualdade Racial e Combate ao Racismo, José Laelson de Oliveira, o Leo Superliga.

(Foto: Edu Guimarães)

“O protagonismo da juventude con­tra o golpe está sendo decisivo, por isso, a tentativa de enfraquecer o movimen­to. É hora da gente se organizar e tentar manter as conquistas, mas já percebe­mos que com esse governo será muito difícil negociar, por isso precisamos reverter o processo de impeachment. A juventude trabalhadora já está sendo prejudicada e o próximo golpe será na juventude estudantil com todos os cortes na educação que estão por vir”.

Coordenador da Comissão da Juventude Metalúrgica do ABC, Alessandro Guimarães da Costa.

(Foto: Adonis Guerra)

“O governo ilegítimo desconsidera a maioria da sociedade, já que nós mulheres somos 52% da população. Esse caso recente no Rio de Janeiro escancara que a ‘cultura do estupro’ ainda é forte na sociedade, onde a mulher muitas vezes é considerada propriedade do homem. A violência de qualquer natureza tem que ser condenada. Extinguir o ministério não vai tratar das causas e vai tirar a série de políticas de enfrentamento e de emancipação da mulher”.

Coordenadora da Comissão das Metalúrgicas do ABC, Ana Nice Martins de Carvalho.

(Foto: Adonis Guerra)

 “Se avaliarmos os ministérios que foram atacados logo de cara, perceberemos que são ministérios que lidam diretamente com a classe trabalhadora, com as questões sociais e os direitos humanos. O Estatuto da Pessoa com Deficiência, uma grande conquista para o Brasil, foi criado no ano passado, ainda não completou um ano e já está ameaçado. Este governo veio desconstruir as questões sociais do nosso País”.

Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o Conade, Flávio Henrique de Souza

(Foto: Adonis Guerra)