Polo Tecnológico depende de elo com universidades no ABC
Comitiva visitou o Polo Tecnológico situado em São Carlos, que mantém parcerias com a USP e a Unesp
O êxito do Polo Tecnológico no ABC, que ainda está em fase embrionária, dependerá essencialmente do elo com as universidades. Essa foi a principal mensagem que a comitiva da região – formada por representantes das prefeituras, associações comerciais e sindicatos – recebeu durante visita feita nesta quinta-feira (10) ao modelo implantado em São Carlos, no interior paulista.
O anfitrião, Sylvio Rosa, presidente do Parc Tec, enfatizou que o equipamento deve ser alimentado pelo conhecimento. O incremento intelectual, que resultará na inovação e na tecnologia, será extraído das universidades. “A universidade atrai gente e conhecimento. Isso fortalecerá o desempenho e a ação do parque tecnológico”, disse, ressaltando a importância da UFABC (Universidade Federal do ABC). Ele aproveitou a oportunidade para aguçar nas lideranças do ABC a reivindicação pela instalação da USP (Universidade São Paulo) na região.
Em São Carlos, as principais parcerias são a USP e a Unesp, além da prefeitura que doou o terreno para o investimento em tecnologia. Ao todo são 164 mil metros quadrados que são utilizados para a prospecção de inovação há 15 anos. “A mensagem mostrou algo que não conhecíamos que é a visão a longo prazo. Uma visão onde a universidade está muito ligada. As cabeças pensantes formadas nas universidades vão contribuir cada vez mais”, entusiasmou-se o secretário-adjunto de Santo André, Charles Camargo.
A visita foi bem avaliada também pelo secretário de desenvolvimento econômico de Diadema, Luiz Paulo Bresciani. “Eu penso que todo o conhecimento de experiências similares é relevante para a construção do projeto na nossa região”.
O Consórcio Intermunicipal Grande ABC, representado pelo diretor-executivo Fausto Cestari, destaca que a visita é mais um passo na longa caminhada. “Nós estamos buscando a compreensão de todo mundo sobre o que é a essência de um parque. Queremos buscar as possibilidades reais da região, além de encontrarmos a melhor forma de tratar a rede de iniciativas, independentemente do parque tecnológico, em âmbito regional por meio de um modelo de governança”.
No ABC, embora esteja ainda em fase inicial, o diálogo entre universidade e o Polo está sendo travada de forma sistemática. Prova disso é que a UFABC participa do Grupo de Trabalho que discute o tema no Consórcio. “O desenvolvimento dos polos, historicamente, é feito em uma tríade: produção do conhecimento nas universidades, apoio do governo e o setor produtivo. No ABC não vai ser diferente. Essa parceria é fundamental. A UFABC foi criada com a vocação tecnológica, tanto é que o primeiro bacharelado criado foi em Ciência e Tecnologia com várias especialidades”, explicou o chefe de gabinete da reitoria da Universidade Federal, Sidney Jard.
O parque tecnológico local conta com Incubação de empresas (gerenciada pelo Sebrae), Parque Business School (escola de negócios que interage com as associações comericais), programas institucionais ( responsável pelos projetos e parcerias), além do Instituto de Tecnologia.
Sylvio Rosa elogiou a iniciativa do ABC em buscar informações para a implantação do Polo. “O primeiro passo é esse”, afirmou. “O próximo é fazer articulação interna, que é um comprometimento a longo prazo. Um projeto a longo prazo, mas que tenha resultados em etapas para não ficar só na esfera da promessa”, observou.
A visita também serviu como um puxão de orelha. Silvio Rosa fez questão de ressaltar que na articulação regional do Polo Tecnológico o ciúme e a intriga “bairrista” devem ser superados. Recentemente, Santo André deixou o grupo de discussão alegando que as conversas estavam sendo direcionadas. Logo em seguida, retornou.
Segundo o presidente do Parc Tec, a área solicitada pelo governo do Estado para a construção do parque tecnológico não deve ser composta irrevogavelmente por 200 mil metros quadrados. Silvio Rosa destacou que o decreto do Palácio dos Bandeirantes serve para afugentar propostas de localidades inviáveis.
A afirmação deixou a comitiva mais animada, pois o terreno é o principal item de discussão dos sete municípios neste momento. Ao visitar o ABC para anunciar a implantação do Polo, o secretário estadual de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou que a indicação da área é o “primeiro passo” para a concretização do sonho almejado há décadas na região.
Do Repórter Diário