Polo tecnológico do Grande ABC vai mudar paradigma das empresas

O objetivo é que as faculdades cedam seus laboratórios e especialistas para que sejam desenvolvidas tecnologias comuns a determinados setores

O papel das universidades no Polo Tecnológico do Grande ABC será, essencialmente, prover mudança de paradigmas na atuação das empresas da região – principalmente, das micro, pequenas e médias. As grandes já são consolidadas e, geralmente, possuem seu próprio centro de desenvolvimento de tecnologia. Então, o papel se inverte, pois elas não serão ajudadas; vão ajudar.

O objetivo é que as faculdades cedam seus laboratórios e especialistas para que sejam desenvolvidas tecnologias comuns a determinados setores. Hoje, muitos dos pequenos negócios sofrem com a falta de recursos para aplicar em inovação. E, com a grande demanda batendo às portas das universidades, não há espaço para atender a todos.

“A ideia é compartilhar tecnologias, como softwares e máquinas, para fortalecê-las e agregar valor a seus produtos. Assim, elas deixarão de ser concorrentes regionais para ganhar espaço frente a fornecedores internacionais”, afirma o reitor da FEI (Fundação Educacional Inaciana) Marcio Rillo, durante o último dia do ‘Seminário Polo Tecnológico do Grande ABC´´.

Segundo ele, as grandes empresas também vão poder se beneficiar, por exemplo, realizando adaptação comum às novas normas de preservação do meio ambiente.

Outra missão fundamental dos centros educacionais é prover perenidade à gestão do projeto. Em boa parte das experiências do País, levou-se em média dez anos até finalizar a implementação do parque tecnológico. Neste espaço de tempo, o poder público passa por mudanças de governo que, em tese, podem atravancar o andamento da iniciativa.

Rillo ressalta, entretanto, que a gestão não caberá especificamente às universidades.

Na avaliação de Sidney Jard da Silva, chefe de gabinete da Ufabc (Universidade Federal do Grande ABC), é necessário abrir a universidade para todos os atores envolvidos, a fim de criar sinergia entre eles. “Temos de aprender com a experiência do setor empresarial, dos sindicatos, das outras faculdades e do poder público.”

Para o coordenador de projetos de pesquisa da Fundação Santo André, Rodrigo Cutri, esta interação já vem acontecendo. “É importante que os professores atuem com tecnologia também. E boa parte deles trabalha em empresas, o que é muito positivo, pois eles têm noção de tempo, custo e viabilidade econômica e técnica para transferir aos alunos.”

O próximo passo é reunir o leque de universidades da região para que se estabeleça o papel de cada uma delas, a fim de não haver confluência de contribuições em alguns setores e carência em outros. O Grupo de Trabalho do polo deverá tomar frente nesta definição.

Cutri destaca que é importante identificar não só as demandas atuais, como as futuras. “Afinal de contas, somos formadores da geração que vai vivenciar a tecnologia do amanhã.”

Do Diário do Grande ABC