Por aumento, Metalúrgicos do ABC iniciam greve na Otis e intensificam paralisações
A luta é por 2% de aumento real. Já são mais de 13 mil trabalhadores contemplados em 101 empresas
Os Metalúrgicos do ABC não estão de brincadeira e seguem firmes na luta para conquistar o aumento real em todas as fábricas da categoria. Na manhã de ontem, os trabalhadores na Otis, em São Bernardo, cruzaram os braços e iniciaram a greve. Já na Brasmetal, em Diadema, o pessoal parou por duas horas a produção. À tarde, as mobilizações foram na Aperam, em Ribeirão Pires, e na YOFC-Poliron, em Diadema.
A luta é pelo reajuste salarial de 6,14%, correspondentes a 4,06% de reposição da inflação mais 2% de aumento real. Já são 13.058 contemplados em 101 empresas. Confira a lista das empresas que apresentaram reajuste pleiteado pela categoria.
O diretor executivo do Sindicato e CSE na Otis, Genildo Dias Pereira, o Gaúcho, contou que depois de vencido todos os prazos, o Sindicato apresentou a proposta para a direção da empresa e se colocou à disposição para negociar um acordo nos mesmos moldes que a maioria das empresas está assumindo o compromisso em assinar.
“Mas, infelizmente, a Otis não topou, e os trabalhadores, seguindo a orientação das três assembleias que fizemos, pararam as atividades. Até o momento, não estamos pleiteando nada a mais do que está sendo oferecido pelas demais empresas, mas a Otis insiste em aguardar a decisão do patronal. Esperamos que tenham bom senso e atendam às reivindicações da companheirada, que está na luta por aquilo que lhe é mais sagrado: salário digno para sustentar suas famílias”.
Diadema
Na Brasmetal, o secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira, reforçou que diversas empresas da base têm tido a responsabilidade de atender o pleito dos trabalhadores.
“Não é um pedido absurdo, os trabalhadores precisam recompor as perdas que tiveram com a inflação e conquistar o aumento real de 2%. Esperamos que as empresas que não atenderam ao pleito revejam suas posições, são os trabalhadores que produzem a riqueza das fábricas e nada mais justo que sejam reconhecidos. Vamos continuar a parar a produção nas empresas que não tiverem essa compreensão”.
O CSE na Brasmetal, Vinícius Oliveira Dionísio está confiante na vitória. “Essa parada é uma demonstração para a bancada patronal que nós trabalhadores estamos unidos e preparados para a luta, tenho certeza que vamos conseguir um bom acordo de campanha salarial”.
O dirigente na FEM-CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos na CUT), Josivan Nunes do Vale, o Cachoeira, reforçou que não tem arrego. “Nós não entendemos essa postura, não só das empresas, mas também dos sindicatos patronais que acham que vão nos vencer pelo cansaço, mas não vamos deixar que isso aconteça, vamos conquistar o aumento”.
Na YOFC Poliron, o coordenador de área de Diadema, João Paulo Oliveira dos Santos, destacou as paralisações e mobilizações na base.
“Foi mais um dia de intensas mobilizações e as paradas tiveram grande adesão dos trabalhadores. Caso as empresas não cheguem ao índice da Campanha Salarial, vamos aumentar as paralisações. O nível de organização e mobilização dos companheiros e companheiras fará toda a diferença e todos estão de parabéns. As bancadas patronais são as principais responsáveis por esse momento, pois apresentaram propostas longe de contemplar os nossos anseios”.
O CSE, Rogério Pereira da Silva, reforçou a luta. “A assembleia foi para mandar o aviso em alto, claro e bom som para a fábrica que iniciamos nosso processo de luta e iremos intensificar as paralisações. Os trabalhadores estão mobilizados e farão o que for necessário para ir em busca da reposição integral da inflação e do aumento real de 2% já conquistado em outras fábricas da base”.
Ribeirão Pires
Em assembleia na parte da tarde na Aperam, o coordenador da Regional Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Marcos Paulo Lourenço, o Marquinhos criticou a postura das empresas.
“Muitas empresas já estão se posicionando em relação ao aumento e não dá para uma empresa se achar melhor que as outras. Está cheio de patrão que chama de colaborador, bate no ombro, mas na hora de valorizar o trabalhador, fica com conversinha”.
O CSE na fábrica, Mauricélio Bezerra da Silva, destacou a responsabilidade e compromisso com a categoria. “Tudo o que faço na vida, faço com muita responsabilidade e aqui na fábrica não será diferente. Tudo o que estamos fazendo é em prol do trabalhador. É um absurdo enfrentarmos tantos impasses por conta de 2%, sendo que o trabalhador merece muito mais depois de um ano tão exaustivo”.