Por negociação nacional

O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, revela que a maior dificuldade colocada pelas montadoras na mesa de negociações não foi a crise econômica mundial, mas as diferenças regionais de salários entre metalúrgicos do mesmo setor

Os metalúrgicos do ABC devem apoiar a luta dos trabalhadores nas montadoras de outras regiões e Estados, para que tenham reajustes maiores que o conquistado aqui, pois assim haverá uma igualdade salarial em todo o País. Sérgio Nobre defendeu também o acordo coletivo nacional.

Na assembleia de sábado, você disse que a diferença salarial foi o principal argumento das montadoras a dificultar as negociações. Explique melhor.

Os salários dos metalúrgicos do ABC e de Taubaté que trabalham em montadoras são maiores que em montadoras de outras regiões. As empresas daqui alegam que, por este motivo, não conseguem competir nas mesmas condições com as fábricas que produzem em Minas Gerais, Paraná, Bahia ou Rio Grande do Sul, por exemplo.

O argumento é verdadeiro?

O valor da mão de obra no preço final de um veículo não passa de 6%. Mas não é essa a questão. O fato é que um determinado modelo custa a mesma coisa em qualquer parte do Brasil, não importando onde é fabricado, mas o salário é diferente. Se o preço do veículo é igual, o salário deve ser igual.

Mas o custo de vida nas regiões é menor?

Não! Ele é igual em qualquer parte do Brasil. Principalmente onde estão instaladas empresas do setor automotivo. Aliás, o que geralmente ocorre é que este custo de vida aumenta quando um montadora se instala em uma nova região. Só que este aumento do custo de vida, que afeta toda a população, não é acompanhado pelos salários.

Por isso, então, a luta por um acordo coletivo nacional?

Exatamente! Não queremos que nossos acordos sirvam apenas como referência por serem os melhores do País. Vamos perseguir sempre a valorização dos nossos salários de acordo com o crescimento da economia. Além disso, queremos que os companheiros de outras regiões conquistem acordos com índices melhores que os nossos, até que os salários no setor sejam equiparados no Brasil. Só assim conseguiremos aliviar a pressão que enfrentamos todo ano no ABC a cada campanha salarial.

Da Redação