Por que as picapes têm um ciclo de vida mais longo do que os carros?
Perfil do cliente e sensibilidade a custos justificam o motivo de produtos passarem anos sem mudanças
Algumas regras na indústria automotiva são seguidas por todas as montadoras. Uma delas é o ciclo de vida de um produto, normalmente na casa de oito a 10 anos. Isso significa que uma geração de um modelo lançado em 2024 seguirá em linha até 2032 ou, no máximo, 2034. Na metade do período, normalmente se realiza uma atualização no design e eventualmente no conteúdo das versões para manter o produto atualizado diante da concorrência.
Só que, como toda regra tem sua exceção, as picapes fogem dessa máxima. Não é raro ver modelos em linha por mais de uma década. Com isso em mente, fica a dúvida: por que as picapes médias têm um ciclo de vida mais longo do que os carros de passeio? Alguns fatores explicam a vida mais prolongada das picapes médias. Quem usa esse tipo de veículo para o trabalho se preocupa com o custo de manutenção.
Para Mauro Correia, CEO da HPE Automotores, o perfil do cliente semelhante ao de quem compra um caminhão. “O comprador de um caminhão faz contas porque valoriza o custo de manutenção, e isso inclui fatores como os custos para treinar mecânicos e motoristas. Sendo assim, quanto mais mudanças a fabricante realiza no produto, maior será o custo para adquirir o caminhão. Com a picape isso também acontece”. A lista de prioridades do picapeiro também foge da lógica dos automóveis de passeio.
Para Mauro, a tecnologia não é tão valorizada quanto a praticidade para trabalho ou lazer. “Quem procura uma picape não se preocupa tanto com a inovação como o cliente de um SUV. Ele quer um veículo que atenda suas necessidades, seja a sensação de liberdade ou o espaço para levar um jet ski ou carga na caçamba”, afirma. Praticamente todas as picapes médias vendidas no Brasil acumulam anos de mercado. De todas as opções atuais no Brasil, apenas a Ford Ranger foi projetada na década de 2020.
Do Automotive Business