Por que devemos ter uma emissora de TV

Só assim os trabalhadores conseguirão expressar suas opiniões nesse meio de comunicação e ampliar a democracia no Brasil

O direito à comunicação é a palavra de ordem e a bandeira política que o Sindicato empunha desde que decidiu tornar público o debate sobre a possibilidade e a necessidade de os metalúrgicos do ABC possuírem suas próprias emissoras de rádio e de televisão.

Concessão e propriedade de radiodifusão (transmissão de televisão e de rádio) são assuntos que não costumam ser tratados publicamente no Brasil. Isto acontece porque um pequeno grupo de empresas (não mais que 10) controla tudo o que o brasileiro vê, escuta e lê.

Por isso, a concessão de um canal de televisão aos trabalhadores é vista com preocupação por quem sempre tirou proveito apenas para si próprio do modelo brasileiro de radiodifusão, baseado no oligopólio e no autoritarismo.

Espernear
“A mídia já começou a espernear diante do anúncio das concessões ao Sindicato.

A Folha de S. Paulo disparou a primeira salva de tiros em sua edição de quinta-feira (14 de maio), rádios e portais da internet companharam o caso. A onda promete crescer”, escreveu o jornalista Alberto Dines, no Observatório da Imprensa.

Venício de Lima, pesquisador de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília, acrescentou que a entrega das concessões ao Sindicato faz bem para a democracia.

“Quanto maior for o número de controladores dos meios de comunicação, isto é, quanto mais estiver distribuído o poder de comunicar, melhor servida será a democracia. Mais controladores significa a possibilidade do exercício da liberdade de expressão por um número maior de cidadãos”, afirmou.

Proque os metalúrgicos não podem ter sua TV?

O Sindicato teve seu primeiro pedido para uma concessão negado ainda no governo Sarney, em 1987. “Fomos pioneiros nessa questão e insistimos no tema com mais energia”, lembra Rafael Marques, vice-presidente do Sindicato. “Sarney distribuiu inúmeras concessões, mas os metalúrgicos ficaram de fora. Por quê?”, questiona.

Investir em comunicação é uma das prioridades da direção do Sindicato, conforme decisão do 6º Congresso, encerrado no último final de semana.

“Levar à população o ponto de vista do trabalhador é uma reivindicação antiga da categoria. Universidades e igrejas têm seus canais de televisão”, prosseguiu o dirigente.

“Por que os trabalhadores não podem ter um canal de TV? Que tipo de ameaça representamos para a democratização do espaço público e a formação das opiniões em nosso País?”, pergunta Rafael.

“A concessão é um passo no sentido da democratização da liberdade de expressão, pois levará para a sociedade a opinião dos trabalhadores e dos movimentos populares, setores que não são ouvidos por quem detém os meios de comunicação no Brasil”, concluiu Rafael.