Por que o motor a combustão ainda pode ser um bom negócio para o Brasil
Com a eletrificação dos veículos, as fábricas de motores a combustão começam a desaparecer. Mas no Brasil, pelo menos durante alguns anos, essa tendência deve seguir o caminho inverso. Como esse tipo de motor é cada vez menos usado em mercados desenvolvidos, o Brasil, que há décadas domina esse tipo de manufatura, começa a abastecer fábricas de países que ainda produzem veículos movidos a combustíveis fósseis.
Linhas brasileiras de três montadoras – General Motors, Toyota e Stellantis – já atendem a contratos da Europa e dos Estados Unidos. Trata-se de uma triste herança sob a ótica de que esse movimento é mais um indicativo do quanto o Brasil está, ainda, distante, do processo global de eletrificação.
Por outro lado, com isso, a atividade na indústria automotiva brasileira ganha fôlego, enquanto o país não define qual estratégia de energia limpa adotará e como vai inserir sua indústria de veículos nesse processo. As vantagens surgem não apenas para os fabricantes de veículos, que são também os produtores dos motores, mas também para a indústria de autopeças, que produz os componentes de motores e todo o sistema que envolve esse tipo de força nos veículos.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Márcio de Lima Leite, acredita que os veículos a combustão vão equivaler a um terço do mercado mundial pelo menos nos próximos dez, 15 ou até 20 anos. “Temos, de fato, uma oportunidade. Com as inaugurações de linhas de carros elétricos, as de motores a combustão são descontinuadas na América do Norte e Europa. As montadoras no Brasil, assim como a cadeia de fornecedores locais, podem fornecer motores a combustão com baixos níveis de emissões”, destaca.
Do Valor Econômico