Por um futuro sem vítimas

Ontem, celebramos no Brasil o Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, uma data relevante para todos nós que militamos no movimento sindical e, em particular, na área da saúde do trabalhador.

Essa relevância é baseada no respeito aos trabalhadores que perderam sua saúde e suas vidas. É sinal de reverência ao sofrimento imposto a milhares de seres humanos por um trabalho extenuante, inseguro e degradante.

Estamos falando do trabalho que deixou de ser um objetivo para a inclusão e reconhecimento social, para ser um simples meio para atingir ao fim que é o consumo.

Um trabalho que deixou de ser fator de realização pessoal e de fortalecimento familiar e passou
a ser meio para a inclusão no mundo do consumo das mercadorias.

E quando o trabalho se torna meio e o consumo se torna fim, então esse fim passa a legitimar todos os meios, por mais degradantes que sejam.

Assim, a sociedade do consumo legitima o sofrimento, a dor, a mutilação e até a perda da própria vida. Portanto, olhar apenas pelo viés das vítimas dos acidentes de trabalho,
embora importante, já não pode nos satisfazer. Precisamos dar um salto do passado
em direção ao futuro.

Não nos basta reverenciar as vítimas dos acidentes sem pensar que eles podem ser prevenidos e evitados.

Não basta relembrar com respeito as vítimas de ontem se não corrigirmos com luta as más condições de trabalho, que produzem hoje as vítimas que celebraremos amanhã.

Não basta mais um dia para chorarmos a infelicidade das vítimas de acidentes.  Precisamos, sim, celebrar um dia de luta. Luta pela saúde e segurança no trabalho como ocorre na comunidade europeia. Luta para evitar novas vítimas. Para fazer com que a dor e o sofrimento dos milhões de trabalhadores adoecidos e acidentados no trabalho não tenha sido em vão.