Porque a crise econômica internacional não afetou o Brasil
Representante do Brasil no FMI, o economista Paulo Nogueira Batista Jr. afirma que hoje o País não sofre mais a chamada vulnerabilidade externa, como acontecia nos tempos de FHC.
O economista Paulo Nogueira
Batista Jr., representante
do Brasil no FMI, afirma
que a crise financeira que surpreende
o mundo não deve
afetar a economia do País.
“A preocupação é compreensível
porque nossa história
é marcada por crises”,
diz Batista. “Com FHC enfrentamos
crises em seis dos
seus oito anos”, prossegue.
“Cada vez que o País levantava
a cabeça, ocorria uma
crise e abortava o crescimento”,
lembra ele.
Segundo o economista,
esses problemas ocorriam
por causa da chamada vulnerabilidade
externa. Ou
seja, naquele período o Brasil
era extremamente frágil ao
que acontecia no mundo. Por
isso, quando estourava alguma crise na Indonésia, Rússia
ou Argentina ela logo chegava
até nós. “Agora é diferente”,
diz Batista.
Solidez – Ele explica que a posição
brasileira hoje é mais sólida
porque o governo atual
combateu a tal vulnerabilidade
externa. Assim, incentivou
as exportações provocando
o aumento das reservas
brasileiras (uma espécie
de caderneta de poupança),
que passaram de R$ 40 bilhões
para R$ 320 bilhões em
cinco anos. Este alto nível
das reservas atraiu investimentos
estrangeiros e a confiança
internacional, garantindo
credibilidade ao Brasil.
Todo este processo
ocorreu ao mesmo tempo
em que a inflação foi controlada
e a economia brasileira
passou a crescer em taxas
maiores, fortalecendo o mercado
interno. “Se a crise externa
voltar neste momento,
nossas exportações sofrerão
e afetarão em alguma medida
o ritmo de crescimento
brasileiro”, admite Batista.
“Porém, como a expansão
atual da economia brasileira
se apóia principalmente
no consumo interno e não
nas exportações, o Brasil
deve continuar crescendo
mesmo que a economia internacional
perca o dinamismo,
pois serão os próprios brasileiros
que garantirão a evolução
do mercado nacional “,
esclarece o economista.
Problema é a
turma da bufunfa
Batista alerta que a
maior ameaça ao crescimento
brasileiro é interna.
“A turma da bufunfa, embora
cansada, já se agita e se
mobiliza. O presidente de
um grande banco, que acaba
de divulgar lucros exorbitantes,
defendeu a interrupção
da queda dos juros.
Esta medida sim pode provocar
a diminuição do crescimento
econômico”, protesta.
Ele lembra que a maior
parte dos economistas defendem
que os juros continuem
a cair no Brasil e disse
que não havia motivo para
pânico aqui. “Na realidade,
a turma da bufunfa é incansável”,
adverte Batista.
Quem é Paulo Nogueira Batista Jr.
Paulo Nogueira Batista
Jr. foi assessor do ex-ministro
Dilson Funaro na época do
Plano Cruzado (1986), no
governo Sarney, e elaborou a
moratória da dívida externa
decretada pelo Brasil. Alinhado
ao PT, é crítico implacável
do FMI e sua candidatura
ao órgão foi patrocinada pelo
governo brasileiro e apoiada
por um grupo de pequenos
países (Colômbia, Equador,
Panamá, Haiti e outros) com
o objetivo de provocar um
racha no Fundo Monetário
Internacional para tentar mudar
sua forma de atuação.