Posse da diretoria: Uma história a preservar e um futuro a construir

A nova diretoria do Sindicato tomou posse no último sábado para os próximos três anos de gestão com a certeza de continuar os princípios de combatividade da categoria e o atual modelo de desenvolvimento que gera empregos, produção e divide a riqueza.

A festa no clube da Ford teve tudo o que
a ocasião mereceu, música boa, comida e
bebida a vontade e, principalmente, muita
descontração para agitar as mais de seis horas
de confraternização.

Não só os mais de seis mil trabalhadores
presentes, mas também a participação de diversas
autoridades, sindicalistas e do presidente Lula,
demonstraram o prestígio dos Metalúrgicos do
ABC.

FESTA E COMPROMISSOS NA POSSE DA DIRETORIA

Presidente Lula estimula trabalhadores a lutar por melhores salários; Sérgio Nobre diz que é um privilégio assumir Sindicato em tempos de crescimento. Diretoria é esmpossada com compromisso de preservar a história de luta da categoria e ampliar a organização no local de trabalho.

Essa é a hora de
reivindicar aumento,
sugere Lula

O presidente Lula encorajou
os trabalhadores
a pedirem
aumentos reais de salários
por conta do crescimento
contínuo da economia.

“Em tempo de recessão a
gente ganha desemprego.
Mas essa é hora de reivindicar
salários”, disse o presidente,
ao destacar o desempenho
industrial medido
pelo IBGE.

Lula revelou que o Brasil
tem engatilhados mais de R$
400 bilhões em investimentos
e prometeu que parte do
dinheiro que o País ganhará
com a exploração das novas
jazidas de petróleo serão destinados
a políticas sociais de
combate à pobreza.

“A nossa palavra de ordem
para combater a inflação
e a crise norte-americana
é investir na produção. Não
posso errar. Se um presidente
rico ou intelectual erra é
normal. Mas se um peão
erra, é culpado e aí a gente
demora mais 500 anos para
eleger outro peão”, comentou,
ao frisar que vai eleger
o seu sucessor para tratar os
pobres e os trabalhadores
ainda melhor que ele.

Volta ao Sindicato – Muito a vontade por estar
entre metalúrgicos e com
o reconhecimento de que às
vezes falava como sindicalista,
o presidente lembrou que
40 anos se passaram desde
que chegou na diretoria do
Sindicato e, ao comparar as
épocas, avaliou que a categoria
avançou de forma extraordinária
e hoje é uma das
principais do País.

“No meu tempo eram
24 diretores e as vezes a gente
demorava um mês para
preparar uma greve. Hoje,
com a organização conquistada
por vocês nos locais de
trabalho, a gente pára na hora
porque o trabalhador tem
mais consciência política”,
afirmou.

“Os Comitês de Empresa
não permitem que a gente
erre como erramos lá atrás.
Hoje, o Sindicato é infinitamente
mais forte que no meu
tempo”, prosseguiu.

Segundo o presidente,
os metalúrgicos do ABC têm
melhores salários em relação
a outros locais do Brasil como
resultado desse avanço
na organização.

“Não deixo
essa categoria”

A festa também foi marcada
por uma despedida. Depois
de dois mandatos como
presidente do Sindicato, José
Lopes Feijóo passou o posto.

Logo a ser chamado
para discursar, Feijóo fez
questão de lembrar que ele
deixou o cargo, mas não a
entidade. “Essa categoria eu
não deixo em hipótese alguma,
pois foi aqui que aprendi
tudo o que sei”.

Ele, que segue como
membro do CSE na Ford e
assumiu um cargo na diretoria
da CUT, lembrou ainda
da greve de 78, “que mudou
a história do Brasil”, pois
credenciou o nosso Sindicato
a ser um dos principais
responsáveis pela fundação
da CUT e do Partido dos
Trabalhadores, entidades de
grande importância para a
democracia brasileira.

O ex-presidente contou
que entrou na Ford em 1973
e, muito emocionado, agradeceu
aos companheiros por
todos esses anos de apoio e
fez uma declaração especial
à esposa, Sueli, pela união
construída, mesmo com
tantas dificuldades que a luta
sindical impôs.

Antes de encerrar sua
fala, Feijóo desejou boa sorte
a Sérgio e deu a certeza que
todos juntos vão continuar
a exercer o papel importante
de atuação em defesa dos
trabalhadores do Brasil, que
os metalúrgicos do ABC
têm nesses quase 50 anos de
história.

Para Sérgio Nobre, gestão tem responsabilidade redobrada

Em seu primeiro discurso como presidente,
Sérgio Nobre admitiu que, ao olhar
para a mesa que acompanhava o ato de
posse da nova diretoria sentia o peso da
responsabilidade de comandar o Sindicato.

Lá estavam, lado a lado, os ex-presidentes
da entidade Lula, Meneguelli, Vicentinho,
Guiba, Marinho e Feijóo que, em
cada época, enfrentaram desafios diferentes
e imprimiram saltos na organização e nas
conquistas da categoria.

“Sou um privilegiado por assumir o
Sindicato num momento de crescimento
do emprego e da produção, quando a categoria
volta a ter 100 mil metalúrgicos. Mas
esse fato não substitui a tarefa a cumprir,
de discutir um novo modelo de organização
sindical”.

O novo presidente da entidade acredita
que a mentalidade neoliberal, anterior ao
governo Lula, não está morta o que impõe
ainda uma maior responsabilidade. “Por
isto, é importante eleger o
sucessor de Lula e manter o
atual modelo de desenvolvimento”,
advertiu.

Para Sérgio, o foco da
agenda sindical deverá se
voltar para a construção
de novas relações de trabalho.

“Não é possível em
pleno século 21 a gente
conviver com o trabalho
escravo e o trabalho infantil”.

O presidente do Sindicato
destacou a organização sindical como
fundamental para a democracia e para os
trabalhadores, porque se os brasileiros contassem
com organização em cada local de
trabalho, o Brasil seria outro.

Novo momento – Para Artur Henrique, presidente da
CUT, o Brasil vive um momento muito importante
desde a eleição de um metalúrgico
à Presidência da República.

“Com isso, o País ganhou mais força
para enfrentar as crises de empresas e de
mercados internacionais e não deixar que
elas nos afetem”, afirmou.

Por isso, Artur chama a atenção para
a importância das eleições de 2010. “Mais
uma vez teremos a disputa de dois modelos
de governo e temos que lutar para que
continuemos no caminho do progresso, do
desenvolvimento.”