Poupança já captou R$ 4,5 bilhões, 90 vezes mais do que em junho
Até dia 21 de julho, saldo de recursos depositados somava R$ 287,9 bi, frente aos R$ 279,9 bi no mês anterior
A caderneta de poupança registrou depósitos líquidos (aplicações menos resgates) de R$ 4,5 bilhões em julho (até dia 21), período que corresponde aos primeiros 15 dias úteis do mês, segundo dados do Banco Central. Nesse mesmo intervalo de dias no mês passado, a captação da poupança foi de R$ 49 milhões. Ou seja, o resultado de julho (até o dia 21) supera em mais de 90 vezes o de junho. No dia 21 deste mês, o saldo de recursos depositados na caderneta somava R$ 287,9 bilhões, frente aos R$ 279,9 bilhões no mesmo dia de junho.
No mês de julho inteiro de 2008, a poupança recebeu um total líquido de R$ 2,2 bilhões e no mesmo mês de 2007, os depósitos foram de R$ 3,5 bilhões.
Dentre os fundos de investimentos mais conservadores, os referenciados DI registravam depósitos líquidos de R$ 215 milhões em julho até dia 21. Já os de curto prazo tiveram resgates líquidos de R$ 389 milhões, segundo os dados compilados pelo site financeiro Fortuna (www.fortuna.com.br). Estas duas categorias de fundos, cuja rentabilidade segue de perto o desempenho da taxa básica de juros, são as que potencialmente mais disputam com a poupança no quesito retorno. Na semana passada, o Banco Central reduziu novamente a Selic, em meio ponto porcentual, para 8,75% ao ano. Os fundos de renda fixa, que compram prioritariamente títulos de dívida prefixados, registram captação positiva de R$ 3,8 bilhões no mês.
“De maneira geral, fundos conservadores com aplicação inicial baixa estão perdendo cotistas”, afirma o diretor do site Fortuna, Marcelo D´Agosto. Os referenciados DI, por exemplo, registram a saída de 6,8 mil investidores neste mês (até dia 21), segundo informações do Fortuna. No mesmo período, os fundos de renda fixa tiveram o ingresso de 297 cotistas e os de curto prazo, de 5,7 mil. “Em princípio, parece que não existe uma corrida desenfreada de aplicadores deixando os fundos para investir na poupança, mas a saída de cotistas dos fundos de varejo é uma sinalização de que poupança está mesmo competitiva”, diz.
É o que ressalta o sócio da consultoria AZ Investimentos, Ricardo Zeno. “Fundos pós-fixados, principalmente os atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), tendem a acompanhar a Selic”, explica. “Contando com a taxa de administração e a incidência de Imposto de Renda, estão remunerando menos que a poupança, então é natural que o investidor observe esta vantagem e migre ao menos parte dos recursos para a caderneta”, afirma. A poupança é isenta do IR e não tem taxa de administração.
“Certamente a poupança está mais atrativa que os fundos DI mais acessíveis”, concorda D´Agosto. Ele pondera que isto não é fator suficiente para desestabilizar o mercado financeiro, nem indício de que ocorrerá a temida migração em massa de investidores para a poupança, mas a saída de cotistas dos fundos voltados ao varejo mostra que a indústria está encontrando dificuldades para enfrentar a boa e velha caderneta. “Como chamariz para posteriores aplicações mais sofisticadas, as carteiras conservadoras acessíveis não estão cumprindo seu papel, o que pode trazer problemas no longo prazo.”
Durante o mês de julho inteiro de 2008, os fundos DI tiveram resgates de R$ 1,3 bilhão, os de renda fixa perderam R$ 3,5 bilhões e os de curto prazo tiveram depósitos líquidos de R$ 913 milhões. No mesmo mês de 2007, os fundos DI perderam R$ 3,1 bilhões, os de curto prazo R$ 524 milhões e os de renda fixa tiveram aplicações de R$ 678 milhões.
Da Agência Estado