“Precisamos colocar a vida e o trabalho no centro da transformação”

Sindicato participa da abertura da jornada nacional de debates ‘Trabalho, Meio Ambiente e Transição Justa – Rumo à COP 30’, promovida pelo Dieese

Os Metalúrgicos do ABC participaram na última quarta-feira, 9, da abertura da jornada nacional de debates ‘Trabalho, Meio Ambiente e Transição Justa – Rumo à COP 30’, promovida pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Realizado em São Paulo, o evento deu início a um ciclo de encontros nas capitais dos 17 estados onde a instituição atua, com apoio do Labora – Fundo de Apoio ao Trabalho Digno.

A atividade reuniu lideranças da CUT e de outras oito centrais sindicais (CSB, CSP, CTB, Força Sindical, Intersindical, NSCT, Pública e UGT), que lotaram o auditório da Escola Dieese de Ciências do Trabalho para discutir o impacto da crise climática sobre o mundo do trabalho e a necessidade de uma transição ecológica que gere empregos de qualidade e combata as desigualdades sociais.

As centrais foram unânimes ao destacar que não se pode discutir meio ambiente sem colocar os trabalhadores no centro. Ondas de calor, inundações e secas extremas afetam diretamente a classe trabalhadora e as populações mais vulneráveis, que têm menos recursos para se proteger frente aos desastres climáticos.

A condução do encontro foi feita por Adriana Marcolino, diretora-técnica do Dieese. Ela alertou que a transição ecológica é inadiável, mas pode ocorrer mantendo lógicas que perpetuam desigualdades. “Se não inserirmos o fator social nesse debate, estaremos apenas rearranjando o modelo atual, sem transformá-lo de fato”, afirmou.

Um dos principais desafios discutidos é garantir que a transição para uma economia de baixo carbono venha acompanhada de políticas públicas que assegurem proteção, formação e trabalho digno. Segundo Adriana, o Brasil tem uma oportunidade histórica de repensar seu modelo de desenvolvimento. “Sem enfrentar a desigualdade, corremos o risco de aprofundar um cenário já crítico”, alertou.

Políticas de transição

O Dieese destacou o papel estratégico do movimento sindical nesse processo, especialmente num momento em que o governo federal abre espaço para o diálogo social em suas políticas de transição ecológica. Essa abertura deve ser aproveitada pelos sindicatos para levar suas contribuições aos espaços de formulação e decisão.

Um exemplo mencionado foi o setor do carvão: como encerrar atividades poluentes sem deixar milhares de trabalhadores desamparados? A resposta está em garantir alternativas com empregos de qualidade, proteção social e desenvolvimento regional.

Outro ponto importante foi a transformação nos setores produtivos, como o automotivo. “Carros elétricos têm menos peças e demandam menos mão de obra. Como preparar os trabalhadores para os empregos verdes e tecnologicamente orientados do futuro?”, questionou Adriana.

Com a COP 30 marcada para novembro deste ano, em Belém (PA), o movimento sindical espera contribuir para uma agenda global mais consciente da urgência de uma transição ecológica com justiça social. “A exploração predatória que gera desigualdade é a mesma que destrói o planeta. Precisamos colocar a vida e o trabalho no centro da transformação”, concluiu Adriana. Os Metalúrgicos do ABC seguem firmes na luta por uma transição verde, justa e democrática.