Preço da cesta básica diminui em 7 capitais
Nos primeiros quatro meses do ano, quinze capitais registraram variação acumulada negativa para o custo da cesta básica
Sete das 17 capitais onde o DIEESE realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, apresentaram recuo no custo dos gêneros alimentícios essenciais, em abril. As maiores quedas ocorreram em Manaus (-2,58%) e Aracaju (-2,16%). Em outras 10 localidades o custo da cesta subiu, com destaque para João Pessoa (5,32%), Fortaleza (3,95%) e Belo Horizonte (3,85%).
Embora o preço dos gêneros essenciais tenha recuado 1,64%, em Porto Alegre, a capital gaúcha continuou a registrar o maior valor para a cesta básica: R$ 234,81. Como em São Paulo os alimentos subiram 1,68% e no Rio de Janeiro 1,82%, estas duas localidades apresentaram, em abril, valores mais próximos do apurado (se comparado com o mês anterior) para a cidade mais cara, respectivamente com R$ 225,63 e R$ 222,60. Aracaju continuou a ter o menor custo (R$ 163,76), seguida por Recife (R$ 176,65) e João Pessoa (R$ 184,02).
Com base no maior valor apurado para a cesta e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deveria suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente quanto deveria valer o salário mínimo necessário. Com a queda no custo da cesta, o valor do mínimo necessário também diminuiu, ficando em R$ 1.972,64, ou seja, 4,24 vezes o mínimo vigente (R$ 465,00), enquanto em março o valor necessário era de R$ 2.005,57, que representava 4,31 vezes o salário mínimo. Em abril de 2008, o mínimo era estimado em R$ 1.918,12, ou 4,62 vezes o piso de então (R$ 415,00).
Variações acumuladas
Nos primeiros quatro meses do ano, quinze capitais registraram variação acumulada negativa para o custo da cesta básica. As maiores quedas, entre janeiro e abril, ocorreram em Aracaju (-15,27%), Florianópolis (-12,09%), Natal (-9,88%), Curitiba (-8,57%) e João Pessoa (-8,24%). Os aumentos foram apurados em Goiânia (1,16%) e Belém (0,74%).
Entre maio de 2008 e abril último, seis das 16 capitais pesquisadas apresentaram variação acumulada negativa e naquelas onde houve alta, o aumento é inferior ao reajuste de 12,05% concedido ao salário mínimo em fevereiro último. As maiores retrações, em 12 meses, foram apuradas em Belo Horizonte (-6,03%) e Aracaju (-5,50%). As maiores elevações foram verificadas para Goiânia (9,38%), Salvador (8,21%), Porto Alegre (3,54%), Vitória (3,26%) e Brasília (3,25%). Ainda não existem dados anuais para Manaus.
Cesta x salário mínimo
Em abril, houve alta no valor da cesta na maior parte das capitais pesquisadas, mas como grande parte das variações foram relativamente baixas, o tempo de trabalho necessário para a aquisição da cesta básica na média das 17 capitais manteve-se em patamar semelhante ao do mês anterior: em abril, a compra dos gêneros essenciais exigiu uma jornada de 96 horas e 42 minutos, enquanto em março eram comprometidas 96 horas e 12 minutos. Em abril de 2008, quando a pesquisa considerava 16 capitais, a mesma compra necessitava a realização de uma jornada de 106 horas e 57 minutos.
Quando se leva em conta o percentual do salário mínimo líquido – após o desconto equivalente à Previdência Social – comprometido com a aquisição da cesta, o mesmo quadro se repete. Em abril, a compra dos gêneros essenciais demandava 47,78% do mínimo líquido, enquanto em março 47,53% dos rendimentos líquidos eram destinados à mesma aquisição. Há um ano, na média das 16 localidades pesquisadas, o comprometimento era de 52,84% do rendimento líquido.
Variação em quatro meses
Nos quatro primeiros meses deste ano, apenas duas capitais apresentaram variações positivas no custo da cesta, pois no período houve predomínio de redução no preço de itens essenciais como o feijão (comportamento apurado em todas as 17 capitais), da carne (16 localidades), arroz e tomate (em 15) e óleo de soja (em 14). Dentre os produtos com predomínio de alta, os destaques foram açúcar (aumento em 16 capitais) e leite ( em 13). A alta verificada em quatro meses em Goiânia teve como fator determinante a elevação ocorrida na batata (55,04%), no açúcar (76,62%), na banana (33,28%) e no leite (16,005). Em Belém, dois produtos foram decisivos: açúcar (34,35%) e banana (21,13%).
São Paulo
Ao contrário de março, quando o conjunto de 13 produtos que compõem a cesta básica pesquisada pelo DIEESE no município de São Paulo apresentou queda de 6,51%, em abril houve uma pequena elevação de 1,68%. Ainda assim, as variações acumuladas tanto no primeiro quadrimestre deste ano (-5,79%), quanto em 12 meses (-0,96%) são negativas.
O custo da cesta ficou em R$ 225,63, o segundo maior entre as 17 capitais pesquisadas. Dentre os 13 itens cujos preços são acompanhados, seis apresentaram retração no mês: feijão carioquinha (-7,10%); tomate (-5,44%), óleo de soja (-2,47%), arroz agulhinha tipo 1 (-2,37%), manteiga (-0,57%) e café em pó (-0,46%). A batata (17,28%) apresentou a maior elevação, mas também subiram os preços do pão francês (8,65%); banana nanica (4,17%), leite integral (3,55%), açúcar refinado (2,82%), carne bovina de primeira (0,49%) e farinha de trigo (0,34%).
Em comparação com abril de 2008, seis itens tiveram recuo em seus preços: feijão (-50,52%); óleo de soja (-27,08%); manteiga (-12,64%); banana (-11,92%); café (-11,01%) e farinha de trigo (-9,06%). As maiores altas ocorreram para a batata (36,59%), o açúcar (33,94%), arroz (28,75%), carne bovina (12,22%), leite (9,78%) tomate (4,91%) e pão francês (0,67%).
O trabalhador paulistano que recebe salário mínimo precisou cumprir, em março, uma jornada um pouco maior do que a necessária em fevereiro para a compra dos mesmos produtos alimentícios: 106 horas e 45 minutos, contra 104 horas e 59 minutos. Quando a comparação é feita com abril de 2008, a jornada atual é bem menor, pois naquele mês correspondia a 120 horas e 46 minutos.
Também quando se considera o valor do salário mínimo líquido – após o desconto da parcela referente à Previdência Social – verifica-se a mesma correlação. Em abril, o custo da cesta representava 52,74% da renda líquida do trabalhador, enquanto em março correspondia a 51,87% do mínimo líquido. Em abril de 2008 eram comprometidos com a aquisição dos bens 59,67% do valor recebido.
Do Dieese