Preços da cesta básica têm alta generalizada em setembro e pressionam salário mínimo
Em apenas um mês, mínimo necessário aumentou em R$ 356,63 e se aproximou de R$ 5 mil
Os preços da cesta básica coletados pelo Dieese subiram, em setembro, nas 17 capitais pesquisadas. No ano, o instituto só não apurou alta em Brasília. No acumulado em 12 meses, o aumento também é generalizado, de acordo com os dados divulgados na tarde desta terça-feira (6). E bastante acima da inflação.
Apenas no mês passado, as maiores altas foram registradas em Florianópolis (9,80%), Salvador (9,70%) e Aracaju (7,13%). Na cidade de São Paulo, o aumento foi de 4,33%.
Salário mínimo
Os preços médios variaram de R$ 422,31 (cesta básica em Natal) a R$ 582,40 (Florianópolis). Com base nessa última, o Dieese calculou em R$ 4.892,75 o salário mínimo necessário para as despesas básicas de um trabalhador e sua família (de quatro integrantes). Esse valor corresponde a 4,68 vezes o mínimo oficial (R$ 1.045). Em agosto, essa proporção era de 4,34 vezes. Em apenas um mês, o mínimo necessário aumentou em R$ 356,63.
O tempo médio de trabalho para adquirir os produtos da cesta básica subiu para 104 horas e 14 minutos. No mês anterior, foi de 99 horas e 24 minutos. Quem ganha salário mínimo comprometeu, em setembro, mais da metade (51,22%) da renda líquida para comprar os alimentos básicos, ante 48,85% em agosto.
Mais de 30% em um ano
De janeiro a setembro, o aumento do preço médio da cesta básica varia de 8,04% (Vitória) a 27,41% (Salvador). O Dieese apurou queda de 5,94% em Brasília. Em 12 meses, todas as capitais têm alta, que vão de 6,13% (Brasília) a 33,12% (Salvador), atingindo ainda 30,46% em Goiânia, 29,87% em Aracaju e 28,02% em Florianópolis. Em São Paulo, a cesta subiu 18,89%.
Entre os produtos, o preço do óleo de soja e do arroz tipo agulhinha subiu em setembro nas 17 cidades pesquisadas. No caso do óleo, o instituto aponta baixa do estoque, com crescimento da demanda – externa e interna. Já em relação ao arroz, “o elevado volume de exportação e os baixos estoques mantiveram os preços em alta”. Além disso, a importação com imposto zero não teve efeito.
Inflação também subiu
A carne bovina de primeira, por sua vez, aumentou em 16 capitais. “A elevada demanda externa, os altos custos dos insumos – farelo de milho e soja –, além da menor oferta de animais para abate, influenciaram o comportamento do preço médio do produto”, analisa o Dieese.
Os preços da banana e do açúcar subiram em 15 capitais. Os do leite integral e do tomate, em 14.
O instituto lembra que, devido à pandemia, suspendeu em 18 de março a coleta presencial de preços. Mas em setembro a pesquisa foi realizada presencialmente em São Paulo e Belém, “com menor número de pesquisadores e em horários em que os estabelecimentos comerciais estavam mais vazios”.
Na próxima sexta-feira (9), o IBGE divulgará o IPCA e o INPC de setembro. A “prévia” da inflação oficial teve a maior taxa para o mês nos últimos oito anos. Com destaque para os alimentos.
Da Rede Brasil Atual