Preços e salários: distância crescendo

O anúncio de aumento dos combustíveis e do gás de cozinha divulgado pela Petrobras na semana passada trouxe nuvens de tempestade ainda mais carregadas para a população brasileira em 2022.

Foto: Divulgação

Isso porque o cenário já não era bom, com previsões de recessão já colocadas antes da guerra entre Rússia, Belarus e Ucrânia.

O conflito rapidamente trouxe três elementos ainda mais críticos: a elevação dos preços internacionais do petróleo, a interrupção do fornecimento de fertilizantes e a quebra de safras do milho e trigo daquela região; e os sobressaltos ampliados na cadeia global de fornecimento de insumos e componentes para a produção industrial.

Tudo isso nos coloca em alerta ainda maior, posto que a necessária recuperação da indústria brasileira deve ser afetada, e o custo de vida será ainda mais elevado, principalmente nos alimentos. Enquanto isso, a renda dos trabalhadores segue mais e mais deprimida diante da escalada dos preços, e a desvalorização do salário mínimo agrava a situação. Vejamos os itens básicos do nosso custo de vida, para além da comparação com o preço da gasolina.

Uma cesta básica em São Paulo já consome quase 60% do salário mínimo, e o que resta dessa compra equivale a R$ 17 por dia. Se considerarmos o consumo de um botijão de gás, que passou a representar 11% do salário mínimo em 2022, contra 6% em 2016, vão sobrar apenas R$ 12 por dia para todos os demais gastos da família.

Mas esse impacto vale para a imensa maioria da nossa sociedade, quando vemos que a renda média do trabalhador brasileiro fechou com apenas R$ 1.874 mensais em 2021, queda de 7,5% em relação a 2020. Custo de vida subindo, salários em queda, um desgoverno incapaz e sua política econômica desastrosa: estamos embaixo da tempestade.

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